Mercado cearense de geração de energia solar entusiasma investidores

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O mercado gera emprego e renda utilizando o que natureza oferece com intensidade em quase todas as temporadas do ano, o sol.

Na virada dos anos 1980 para a década de 90 a economia cearense elevou a importância do turismo como segmento capaz de fomentar desenvolvimento no Estado, a partir de Fortaleza. As perspectivas eram claras: gerar negócios, emprego e renda oriundos da promoção do Ceará como destino para os apaixonados por mar e Sol. Era o início do turismo como indústria.

O Sol, que sempre foi representado nas artes (literatura, cinema, pintura, artesanato e música) como algoz implacável foi reposicionado: era, a partir de então, um novo agente capaz de produzir riquezas e isso nunca mais parou. “O Sol sempre teve o estigma de miséria por causa da alta temperatura e da falta de chuvas. Não se tinha a ideia de como reverter essa situação. Essa mudança começou com a sequência de governos, a partir de Tasso Jereissati e seus sucessores, transformando o ensolarado litoral cearense em atração turística.

Ao invés de ser uma desgraça, como muitos pregavam, o Sol passou a ser nossa redenção”, explica a professora e mestre em gestão de negócios turísticos, Rosemary Lima.

Dando um salto temporal, na mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o turismo cearense, os dados mostram que o setor alcançou o melhor resultado do país, com crescimento de 135,8%. A comparação é feita entre abril deste ano e o mesmo mês de 2021. [1] A estratégia de décadas passadas se mantém.

Mesmo não sendo visto como vilão há mais de trinta anos, o Sol continua iluminando os negócios, que o digam as empresas que apostam no mercado da energia fotovoltaica.

Embora, num primeiro momento, possa parecer algo complexo, com muitos termos ligados ao mundo das aulas de física, o processo de conversão de energia elétrica a partir da luz solar é até simples de entender:

  1. Os módulos fotovoltaicos (painéis solares), instalados no teto da casa, por exemplo, captam a luz do sol e a transformam em corrente contínua;
  2. Esta corrente passa por um inversor, onde é transformada em corrente alternada, a mesma usada pelos eletrodomésticos de uma residência;
  3. Um possível excesso desta eletricidade produzida, que não foi consumida pelos moradores, pode voltar para a rede de distribuição;
  4. Se a rede usar a energia, o dono da residência (Unidades Consumidoras [UCs]) recebe créditos para serem abatidos da conta de luz.

A generosidade do calor parece mesmo entusiasmar quem sonha pagar menos pela energia elétrica do dia a dia. É o caso do servidor público, Dalbernon Cajado. Ele investiu, em setembro do ano passado, pouco mais de 18 mil reais em dez placas solares, instaladas em sua residência, no bairro Maraponga, em Fortaleza.

“Eu queria gerar em torno de 500kw. A energia fornecida pela companhia está muito cara e há um enorme potencial solar no Ceará, praticamente o ano inteiro. Estava pagando entre 450 e 500 reais por mês e depois, com a utilização do equipamento, passou para 80 reais mensais”, comemora.

No entanto, o mercado livre de energia, como é chamado o ambiente onde o consumidor pode adquirir a commoditie, vai muito além do ambiente familiar.

Os grandes consumidores, como complexos comerciais e industriais, também estão de olho na possibilidade de diminuírem as contas de energia, cujo peso, nas despesas, pode ultrapassar os 10%. É aí que entra, novamente, o mercado de energia solar, com destaque para o cearense.

Segundo o site da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) [2], entidade que reúne empresas de toda a cadeia de valor do setor solar fotovoltaico com operações no Brasil, o Ceará aparece em 10º lugar no ranking nacional da geração distribuída (398,4 MW em potência instalada), enquanto Fortaleza desponta na 5ª posição no ranking dos municípios (95,1MW em potência instalada).

Em 2021, o Porto do Pecém, maior empreendimento logístico do Ceará, registrou um aumento de 26,7% na movimentação de contêineres carregados com componentes solares. Esses contêineres contam com cargas de inversores, módulos e placas solares. [3] “O Ceará tem ambiente favorável para negócio, com ótimos pontos de conexão no governo e mercado. Além do espírito empreendedor do cearense, o Ceará possui uma vocação incrível para energia renovável. Estamos falando de vento e da irradiação solar”, explica o empresário do setor de energia renovável, Rodrigo Mello, CEO e um dos fundadores da Kroma Energia.

A empresa, do vizinho Pernambuco, vem apostando no Ceará, mais especificamente no interior, onde há grandes espaços de terra para instalação dos milhares de painéis fotovoltaicos necessários para uma grande produção de energia.

Desde 2018, no município de Quixeré, distante 200 quilômetro da capital, funciona o Complexo Apodi. Por lá, meio milhão de painéis fotovoltaicos foram instalados pela Kroma numa área equivalente a 400 campos de futebol. Os investimentos foram da ordem de R$700 milhões, com um projeto totalmente desenvolvido pela Kroma e vendido em seguida.

O Grupo pernambucano mantém alto as apostas em terras – e sol – cearense. As novas obras, em Jaguaruana (Complexo Arapuá, com potencial de 500 MW) e novamente Quixeré (Complexo Frei Damião, com potencial de 192 MW) somam, juntas, 2,1 bilhões de reais.

Fonte: O Estado-CE

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