Ceará tem 15% dos estudantes em séries atrasadas
O número corresponde a cerca de 15% de todos os matriculados nas redes municipais e estadual de ensino.
O número inclui os alunos das redes municipal e estadual do Ceará que estão em distorção idade-série, ou seja, deveriam, pela faixa etária, estar num patamar mais avançado de aprendizado.
Entre os cearenses, o problema atravessa todos os níveis, mas se concentra num período: a transição entre os ensinos fundamental e médio.
A psicopedagoga Ticiana Santiago, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), explica que a passagem dos anos finais do ensino fundamental para o médio deixa clara a influência direta que os fatores sociais e emocionais têm no processo de educação.
É nesse período que a adolescência começa a dar espaço à vida adulta, os estudantes são demandados a trabalhar e enfrentam mais conflitos sociais, sejam relacionados a si, sejam ligados ao convívio familiar.
O papel social começa a ser mais exigido, assim como as funções cognitivas se tornam mais complexas. Nesse momento, o modelo tradicional de ensino não favorece, dificulta a vinculação do aluno com a escola. “Fora isso, ainda há poucos psicólogos e psicopedagogos para identificar os desafios e atuar preventivamente para evitar a evasão”, lamenta Ticiana.
A especialista acrescenta, ainda, que fatores levam à distorção idade-série:
- Qualidade da educação oferecida;
- Representação que a escola tem para alunos e famílias;
- Desigualdades psicossociais;
- Metodologias não-participativas/atrativas;
- Dificuldades de aprendizagem.
MENINOS E ALUNOS NEGROS SÃO OS MAIS AFETADOS
Além do recorte de gênero dos estudantes atrasados nos estudos (61% são meninos), há também o racial. Dos quase 191 mil alunos cearenses em distorção idade-série na rede pública em 2020, 130 mil são negros (pretos e pardos) e cerca de 21 mil são brancos.
Fonte: Diário do Nordeste