Bandido bom é bandido preso

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Capitão Wagner fez diagnóstico sobre a derrocada da segurança nos últimos governos cearenses: faltou pulso firme. Até que houve boa vontade, concedeu. Desde que Cid Gomes tomou o poder com o discurso de acabar com a violência, ela só fez aumentar. Na verdade, os índices vinham num crescendo desde o governo Tasso Jereissati, passando pelo de Lúcio Alcântara, mas acelerou o ritmo a partir da chegada de Cid Gomes ao Abolição. Sua campanha eleitoral conquistou o cearense com uma linguagem simples e quase monotemática: o Ronda do Quarteirão. Uma ideia até simplória, o guarda da esquina, aliada a um conceito inovador, o da polícia comunitária. Mudou as cores das viaturas e dos agentes, e criou uma polícia dentro da outra. Redundou em retumbante fracasso.

Cid Gomes se gaba de ter feito investimento recorde na área de segurança. Não poderia ser diferente, tendo em vista a aquisição da frota de camionetes Hilux, além do alto custo de manutenção. O resultado, no entanto, foi desanimador. Um marco: pela primeira vez na história o índice de homicídios por cem mil habitantes no Ceará superou a média nacional. Isso foi em 2010, no quarto ano de Ronda do Quarteirão.

No governo de Camilo Santana, a situação foi ainda mais desastrosa, em que o estado se tornou o império das facções. No início, adotaram a politica negacionista do avestruz. Quando a imprensa anunciou a existência de faccionados, o então secretário Delci Teixeira disse que não passavam de pirangueiros. E os atentados se seguiram contra delegacias, Assembleia Legislativa, Câmara de Sobral. O secretário criticava a glamourização.

As facções se instalaram de vez e promoveram guerra entre si em 2017. Neste ano, o Ceará registrou 5.133 homicídios, o maior número de toda a sua história. No início do segundo mandato de Camilo, nova crise institucional. O governo mudou a política de negociar com bandidos, e colocou um linha dura para comandar o sistema penitenciário. A violência explodiu nas ruas, com ataques e ônibus incendiados. Só cessou com a vinda da Guarda Nacional.

Outro marco negativo de Camilo se deu em 2020, com a deflagração da segunda greve da polícia. A primeira fora em 2012, ainda sob o comando de Cid Gomes. Além do recorde de mortes, em 2017, Camilo tem em seu portfólio, o maior aumento na taxa de homicídios do Brasil, com 70% de aumento da violência, em 2020. Maranhão, o segundo colocado, teve 30% enquanto a média nacional não chegava a dois dígitos.

Por fim, Camilo entregou o governo com a inclusão de uma cidade cearense, São João do Jaguaribe, como a mais violenta do Brasil. Santana diz que foi quem mais investiu em segurança. No entanto, teve o pior resultado. Wagner diz que faltou pulso firme no combate, mas rejeita o discurso de “bandido bom é bandido morto”. É uma forma de tangenciar a agenda bolsonarista. E tem razão. Bandido bom é bandido preso, seja pirangueiro, seja do mais alto escalão.

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