Em apenas 3 dias, Amazônia já tem metade de queimadas de setembro de 2021

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O total de 8.740 focos de incêndio foram medidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Em setembro do ano passado houve 16.742 focos de fogo na Amazônia, segundo o Inpe — isso no mês inteiro. Agora, apenas 10% do mês passou, e esse número já se aproxima de 9 mil.

Foto: divulgação.

As queimadas estão se concentrando no Sul da Amazônia. Imagens de satélite que fazem a medição por CO² mostram que há uma mancha gigante na região, cobrindo boa parte dos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia, além de quase a totalidade do Acre. “Os incêndios estão fortes no Sul da Amazônia, mas a seca ainda vai se aprofundar mais em direção ao norte. Na região da cidade de Altamira [PA], o pior período é outubro e novembro. Então, aqui, ainda pode piorar”, afirma Rodolfo Salm, doutor em ciências ambientais e professor de ecologia na Faculdade de Biologia na UFPA (Universidade Federal de Pará).

Ele explica que, apesar de a seca ajudar na disseminação do fogo, todos os incêndios na Amazônia são causados pelo homem —diferentemente do que ocorre na Austrália, parte da América do Norte e Europa, por exemplo. “Nesses locais, os incêndios muitas vezes correm soltos quase que espontaneamente”, acrescenta. Em regra, o fogo vem após um processo de desmatamento, pois destrói os demais materiais vivos e prepara o terreno para virar um pasto.

Para Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do programa Mapbiomas Fogo, o fenômeno La Nina “adiou o quanto pode” seu impactos na Amazônia. “Mas parece que agora, com a seca se estabelecendo, os recordes de queimadas demonstram claramente a real dimensão do abandono no qual se encontra a Amazônia”, ressalta. “Muito desmatamento resulta em muito fogo. Isso era esperado, pois nesse período pré-eleição parece que a sensação é de tudo ou nada”, completa. Alencar diz ainda que os números de queimadas nesses dias são “exorbitantes” e um péssimo sinal do que ainda poderá vir.

Em nota, o WWF-Brasil informa que as queimadas —e o desmatamento associado a elas— “estão fora de controle na Amazônia, desde 2019, quando teve início a política de desmantelamento dos sistemas federais de proteção ambiental que marca a gestão de Jair Bolsonaro”. Ainda, de acordo com a entidade, “o descontrole das queimadas observado nos últimos quatro anos está estreitamente associado a um aumento do desmatamento e da degradação florestal nesse período. A Amazônia é uma floresta tropical úmida e, ao contrário do que ocorre em outros biomas, o fogo não faz parte de seu ciclo natural. Os incêndios não surgem de forma espontânea no bioma e sua ocorrência está sempre associada a ações”, informa a ONG.

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