Nada como um bom banho depois de um jogo, só que não!

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Mais uma vez, Sobralito se vê de frente com o problema da falta de água; dessa vez, em Rafael Arruda.

Naquele sábado de setembro, Sobralito havia saído cedo com dona Eulália para visitar tia Carminha, no distrito de Rafael Arruda. O dia seria de brincadeiras com os primos e descanso. Fazia tempo que os dois não visitavam esse lado da família.

Depois de abraços e conversas triviais, Sobralito, a mãe e dona Carminha sentaram na varanda entre plantas, cachorros e gatos para atualizar os muitos assuntos familiares. Era uma sobrinha que tinha se separada do marido, um primo que havia fugido com a namorada, que a família desaprovava, e o preço das coisas. De tudo. Da cesta básica a itens de limpeza.

Enfim, uma carestia!

Pouco tempo depois, já entediado, de ouvir aquela conversa sem fim, Sobralito correu para o quintal e foi se divertir com os primos. Em pouco tempo, o local se transformou num campinho, com traves e times, para o terror de galinhas, patos e outras aves que circulavam por ali.

Gol!

Não demorou para o time adversário sair na frente com um golaço de bicicleta de Márcio. A poeira erguida, mais parecia um redemoinho.

Minutos depois, outro grito de vitória espantava a bicharada, que ciscava em redor do campinho improvisado. Os cocoricós, aus, aus e oinc, oincs, davam a impressão de torcedores, vibrando por seus times. Os ânimos se acirravam, vez ou outra, entre os jogadores, mas nada que um “deixa disso” e “para com isso”, não resolvesse.

Ao final, os meninos foram chamados para tomar banho e almoçar. O time de Sobralito perdera por 2×1; gerando uma série de discussões, cálculos e teorias que, nem mesmo, os mais experientes analistas futebolísticos se atreveriam a debater. Só a meninada, mesmo.

Ao chegarem próximos à cisterna, para tomar banho, os primos, em fila indiana, já mostravam a cara de decepção: não tinha água. Nem uma gota.

Tinha Carminha correu, preocupada, e já foi puxando baldes e baldes de água da cisterna, ainda pela metade, pois as torneiras roncavam vazias.

— Ah, me desculpem, eu acabei esquecendo que isso poderia acontecer. Toda semana é a mesma coisa. A água aqui falta dia sim, no outro também. Já reclamamos para o serviço de atendimento e nada. Tem casa que tem, outras, nem um pingo…

E foi na base do balde, que Sobralito e a meninada foi tirando a crosta de poeira do corpo, após o futebol. E tudo virou uma grande brincadeira; mas enquanto a água caía, Sobralito lembrava de outros episódios parecidos, que já haviam sido tema de seu podcast. E pensava o quanto Sobral tinha sérios problemas com água; ou melhor, com a falta dela. Um bem tão importante e quase raro, em alguns lugares, como aquele esquecido pedaço de sertão.

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