A ciência por trás do meme
O que, para muitos, não passa de brincadeira ou crítica, por outro lado, o meme tem muito mais história, desde sua criação.
Utilizados à exaustão, indo das mais simples piadas com felinos e outros animais fofinhos a críticas sociais e políticas profundas, os memes se tornaram uma das formas de comunicação mais comuns na internet de hoje, e essas reproduções culturais podem ser mais antigas do que você pensa, e mais importantes do que parecem. Tudo depende do que é feito com elas, com qual objetivo, para quem replicará, enfim, mil variáveis.
Oficialmente, o uso do termo “meme” foi iniciado pelo cientista evolucionário Richard Dawkins, em seu livro O Gene Egoísta, de 1976. Ele se apropria da palavra grega “mimeme” (de “mimesis”, imitação) e a encurta, definindo o conceito como a reprodução de ideias, melodias, frases de efeito ou qualquer informação que seja imitada, passada de pessoa para pessoa. O objetivo era mostrar como a cultura humana é replicada e compartilhada.
Embora anteriormente não houvesse sido definido dessa forma, o comportamento humano sempre foi cheio desse tipo de comentário artístico sobre a vida. Especialistas conseguem ligar tais atividades até o tempo dos gregos: no teatro trágico dos antigos, eram trabalhados temas que lhes incomodavam e atormentavam, transformados em comédia. Os memes, guardadas as devidas proporções, fazem o mesmo.
Com a internet, é claro, maximiza-se o potencial replicador e a influência dos memes, que passam a se espalhar, crescer e modificar cada vez mais. Especialistas como Limor Shifman estenderam a definição do fenômeno, que agora é considerado como “um grupo de textos com características compartilhadas, como forma, conteúdo e postura”.
“Forma” define nossa experiência visual ou auditiva, ou seja, sensorial, enquanto “conteúdo” são as ideias e ideologias reproduzidas, e “postura” é o tom ou estilo, as funções de comunicação do meme. Há, claro, limites para o conceito: um texto copiado e colado que se espalha muito bem não é um meme, é apenas um conteúdo viral. Quando começam a surgir versões do mesmo texto, a coisa muda de figura.
Em um estudo de 2014, Shifman pôde identificar 121.605 versões de um meme específico postadas e 1,14 milhões de atualizações de status internet afora. Os memes já viraram parte do folclore da internet, chamado por alguns de “netole” — através deles, não são expressadas apenas piadas, mas também sentimentos, ansiedades e desejos das pessoas.
É por isso que, geralmente, os memes são utilizados para falar de acontecimentos recentes da memória pública dos meios onde circulam, carregando algo de grande importância aos usuários. Para entender os mais virais, por exemplo, não é preciso fazer parte da subcultura da internet, já que apelam a conceitos mais simples. Acontecimentos como eleições, copas do mundo e até a pandemia estão entre os mais fáceis de se ver abordados por aí.
Fonte: Canaltech.