A utilização errada de manteiga no alívio de queimaduras

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A chamada ‘ciência popular’, ainda tem espaço na vida das pessoas, mas muitas das iniciativas não passam de crendice, e devem ser evitadas, dizem os médicos.

A queimadura é um dos acidentes domésticos mais comuns, sobretudo, aquelas ocasionadas por óleo ou água quente, vapor d’água ou produtos químicos. E, nestes casos, a crendice popular cultivada há anos sugere tratar, ou ao menos aliviar a dor, passando manteiga sobre a queimadura. No entanto, essa prática não passa de mito, “porque a manteiga pode ser muito boa para ser saboreada no pão, mas nas queimaduras causa mais mal do que bem”, alertam os médicos. A manteiga, assim como outras receitas caseiras, não deve ser usada, pois só piora a queimadura, atrapalhando, inclusive, a recuperação.

“É uma crendice popular que deve ser afastada; não se deve passar absolutamente nada na queimadura, seja manteiga, pasta de dente, café ou outro produto caseiro. Quem indicará o tratamento é o médico”, afirma o cirurgião plástico José Octávio Gonçalves de Freitas. Essa crendice vem do fato de que na queimadura de primeiro grau, por exemplo, as terminações estão expostas, por isso ocorre muita dor. Ao passar a manteiga, uma película se formará, protegendo o local e dando a sensação de alívio da dor, porém isso aumenta muito a oleosidade do local, podendo causar infecções.

“O ideal é utilizar produtos e cremes especiais, hidratantes que o médico vai indicar, como por exemplo a sulfadiazina de prata”, explica Freitas. Reforçando esses cuidados, o cirurgião plástico Luiz Antônio Demario lembra que qualquer produto oleoso é difícil de ser removido no hospital e não alivia dores. “Às vezes, esses produtos são colocados sobre a queimadura, sujando e favorecendo a contaminação e a infecção”, adverte.

O correto, de acordo com o cirurgião Freitas, é que o indivíduo, uma vez queimado, lave o local com água fria, cubra o machucado com um pano úmido e suave, e se dirija ao centro especializado o mais rápido possível. É importante ressaltar que, além de lavar a queimadura com água corrente fria para resfriar a pele e aliviar a dor, há outras providências que devem ser tomadas, conforme a médica dermatologista Karina Passos. Entre elas, “não aplicar gelo, para não agravar a queimadura, e remover roupas e acessórios, como anéis, brincos, colares, pulseiras e relógio”, pontua.

“Além disso, não estoure as bolhas, pois a pele da base da bolha está bastante sensível e com suas terminações nervosas expostas. E não fique ao sol para que o processo de recuperação da pele ocorra, evitando-se ao máximo a formação de manchas”, orienta Karina Passos. A automedicação, mesmo nos casos leves, deve sempre ser evitada.

“O tratamento da pele lesionada requer cuidados especiais e o uso inadequado de produtos ou medicações sob a área queimada pode promover o surgimento de infecções ou retardar o processo de cicatrização que, em última instância, pode produzir várias complicações, incluindo o surgimento de cicatrizes que poderiam ser evitadas”, garante o médico dermatologista Francisco de Almeida.

Fonte: Viva-Bem Uol.

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