Tiros no trânsito e duas crianças feridas

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Sobralito pensa sobre o que pode acontecer quando pais perdem o controle e estão armados, mesmo perto dos filhos.

Logo que chegou em casa, Sobralito correu para tomar um bom banho. Naquele mês de outubro, a cidade estava especialmente quente, aliás, o Nordeste, que vivia os famosos B-R-O-BRÓS. Forma popular de se referir aos quatro meses mais quentes do ano: setembro, outubro, novembro e dezembro.

Aliviado, e com o corpo ainda molhado, o menino foi mexer no celular para buscar um tema para o próximo podcast. Enquanto o dedo rolava pela tela do aparelho, despreocupadamente, o menino ouviu um barulho bem peculiar que, por mais que sua mãe, às vezes negasse, não dava para enganar. Era um disparo de revólver. O menino estava tão acostumado com esse tipo de som, no Bairro onde morava, que sabia bem destingui-lo de outros sons, de balões estourando, por exemplo.

Aquilo não era uma explosão e, sim, um estampido. Bem longe, mas perceptível. E fez o menino pensar no alvo daquela bala. O que, ou quem ela teria acertado? Se fosse uma pessoa? Estaria mais tarde no noticiário da TV, ou nos blogs da cidade? A curiosidade já começava a tomar conta daquela cabecinha, e Sobralito passou a procurar por notícias sobre mortes, por meio de arma de fogo.

Não demorou, e ele parou numa notícia de fora do Brasil. Nos Estados Unidos, na verdade. Dois motoristas começaram uma briga com os carros em movimento, e depois de insultos mútuos, ambos dispararam um contra o outro, atingindo as filhas de cada um, duas adolescentes que acompanhavam seus pais, nos respectivos carros.

E vejam só, a violência dos pais só não terminou em duas mortes, porque ambas não foram atingidas em partes do corpo mais sensíveis. Quando perceberam o que haviam feito, os pais pararam e…não, eles não prestaram socorro às filhas, eles seguiram em sua discussão, ainda armados, até que a Polícia chegasse e os prendesse, além de chamar por socorro.

Ainda sem acreditar no que acabara de ler, Sobralito seguiu fazendo mais buscas por notícias parecidas e, sem muita surpresa, percebeu o quanto adultos, jovens e, até mesmo crianças, faziam uso de revólveres para ferir alguém, vingar-se, por algum motivo, ou ser vítima e autor ao mesmo tempo, de uma ‘brincadeira’, que acabara em morte.

O menino escolheu, entre tantos assuntos, os que achou mais relevantes, e foi aprofundar sua pesquisa. No próximo episódio, o podcast iria perguntar se, com tantas estatísticas negativas, as pessoas preferiam ter uma arma em casa; até porque, ele já sabia que gente é gente e, mesmo com todo o cuidado, normas e regras, armas não podem ferir ninguém, isso é certo, mas pessoas, sim. Sem falar, quando estão em situações de pressão, ou tendo um simples e natural momento de raiva.  

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