Dez sobralenses são vítimas de tráfico internacional de pessoas

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Família afirma que parentes desaparecidos foram vítima de tráfico humano internacional.

Maria Jhulia Gomes Martins, 19 anos, é mais uma jovem que deixa Sobral em busca de melhores condições de vida. Atravessou o oceano para trabalhar em Portugal. Tudo se encaminhava bem até receber uma proposta para trabalhar em Bangkok, capital da Tailândia. Como a proposta era tentadora, ela arrumou as malas e se mudou com o companheiro, Willian Wallace.

O casal mantinha contato com a família, apenas por mensagens, sem voz e sem vídeo, o que levantou a suspeita de tráfico de pessoas, e que eles estariam trabalhando em situação análoga de escravidão.

Ozirio Moreira Fonte, tio de uma das vítimas e morador da cidade de Sobral (onde também residem outros familiares), em entrevista ao Portal Paraíso, relatou que todos estão abalados e desde então ele vem preparando sua mãe para revelar a gravidade do caso.

Perguntado sobre a veracidade do boletim de ocorrência que recebemos, ele conta “A informação é verdadeira, mas é um assunto muito delicado e não queremos entrar em detalhes por enquanto. Estou tentando ser forte para conversar sobre isso com minha mãe”.

Maria Jhulia Gomes Martins e Willian Wallace Torquato, que moravam em Sobral até outubro de 2021, foram convidados por André Luís Sales Cunha para trabalharem com criptomoedas em Bangkok, capital da Tailândia. A proposta era ganhar salário no valor de 2.500 dólares, com comissão e despesas pagas, o que fez o casal aceitar.

“O pai dela que buscou registrar o boletim de ocorrência. Não sabíamos bem como recorrer nessa situação. Estamos sofrendo muito”, com a voz j´á embargada, o tio da vítima continua em ligação “Agradeço pelo contato e por de alguma forma tentarem ajudar na investigação”.

De acordo com as informações colhidas, o Sr. Otoniel Mendes Moreira contou à Delegacia Regional de Sobral, em boletim de ocorrência, que sua filha foi para Portugal por motivos empregatícios e melhor qualidade de vida. Assim, há 3 meses Wallace e Maria Jhulia estão em Bangkok.

Na última conversa com a filha, ele descobriu que o país estará deportando os 10 brasileiros e Maria Jhulia será uma dessas pessoas.

“Vivi momentos de horror que não desejo a ninguém. Há alguns meses ela estava trabalhando em paz e depois de uma proposta feita, a vida da minha filha e da minha família mudou completamente. Só quero que ela fique bem”, diz o pai aliviado.

Em outro caso, a Sra. Maria da Conceição França, também lamenta o desaparecimento de seu filho, Adricio Gabriel França, residente de Maringá. O homem recebeu a mesma proposta que o casal sobralense descrito acima, feito também por André Luís. As datas da viagem foram respectivamente, 11 de agosto deste ano em Dubai e 12 de agosto em Bangkok. A mãe afirma que a última vez que pôde falar com Adricio foi no dia 16 de outubro e a desconfiança aumentou quando o rapaz fez apenas uma ligação de vídeo em um quarto escuro.

Os familiares das vítimas informam que investigaram mais sobre o trabalho dos filhos e receberam informações que André e Nicolas (outro integrante da organização) eram chefes de um grupo criminoso, que captam jovens brasileiros para trabalharem em uma suposta empresa de criptomoedas em Bangkok na Tailândia, ofertando vantagens financeiras, que são desfeitas logo após as vítimas chegarem. No momento são levados por pessoas armadas até Myanmar, ocasião em que têm os passaportes e celulares confiscados, sob o pretexto de estarem regularizando os vistos dos jovens. No depoimento consta que quando os jovens chegam em Myanmar, são obrigados a criar vínculos com possíveis alvos nas redes sociais.

Segundo informações, André e Nicolas recebem 500 dólares por cada captação.

Na empresa de criptomoedas, além de obrigarem pessoas a conquistarem mais “ajudantes”, há a obrigação de trabalhar 14 horas por dia em um local fechado e protegido por “seguranças” armados, que realizam punições com isolamento em celas fechadas e escuras no caso de “desobediência”.

Os familiares afirmam que Wallace e Adricio denunciaram o esquema criminoso em 16 de outubro, numa embaixada (que posteriormente descobriram ser falsa). De acordo com o último relato do pai de Maria Jhulia os criminosos afirmaram que iriam soltá-la há alguns dias, mas até o fechamento da matéria não há informação concreta de quando ela irá voltar para a família.

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