Bolsonaro estava certo!

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Por Thyago Donatto, Advogado.

Foi lá no início de novembro de 2018, logo após a confirmação de sua
eleição para o cargo de Presidente da República e enquanto começava a planejar seu futuro
governo, que Jair Messias Bolsonaro vaticinou: “não posso errar, senão o PT volta”. A
eleição de Lula no último domingo (30/10), que volta à Presidência depois de ter sido
condenado e cumprido uma parte da pena imposta (cujos processos posteriormente vieram
a ser anulados), provou que Bolsonaro estava certo.

Quem acompanha a política com sinceridade e sem paixão sabia que não
seria fácil a tarefa de Bolsonaro à frente de tão alto cargo. Sem experiência anterior no
Executivo e com atuação discreta no Parlamento, o ex-militar de posições extremas e
comportamento extravagante precisaria conduzir quase que com indefectibilidade os atos
em seu mandato para impedir a volta daqueles que conseguira derrotar nas urnas, o que, na
prática, não aconteceu.

Evidentemente que uma gestão, independente de qual bandeira ostente, é
construída a partir de acertos e também de erros, os quais, muitas das vezes, servem para
“correção de rota”. Diz a máxima popular que “errar é humano”, mas permanecer no erro,
dizem outros, é burrice.

Bolsonaro assumiu com a declarada missão de combater, de forma
implacável, a corrupção e a delinquência, com especial destaque para as facções
criminosas e, para isso, contou com tempo e nomes de peso. Além disso, precisava
conciliar ações sociais importantes num país ainda arrasado pela fome com a condução da
economia em busca de estabilidade e confiança do mercado internacional.

Estabilidade, contudo, não foi a marca de sua gestão. Desde seu primeiro
dia de mandato, Bolsonaro resistiu em buscar diálogo e conciliação com os demais Poderes
da República e jamais hesitou diante de provocações da imprensa, com quem sempre
adotou o toma-lá-dá-cá. Contou ainda, durante a gestão, com a imprevisível ocorrência da
Pandemia da Covid-19, uma situação que exigiria de qualquer um que estivesse no cargo
notória habilidade e poder de decisão, conquanto muitas vidas estavam em risco.

Diante da derrota no STF e confrontado por prefeitos de grandes capitais, como João Dória (SP), bem como por alguns governadores, notadamente Eduardo Leite (RS) e os do Nordeste, Bolsonaro patinou e acabou responsabilizado pelas muitas mortes provocadas pelo novo coronavírus. E é porque o Governo Federal manteve os repasses e segurou as contas públicas mesmo quando parte do país estava “em casa”, sob lockdown, mas declarações sarcásticas e infelizes durante o auge da Pandemia o colocaram, “aos olhos do povo”, como grande culpado.

As constantes trocas em seus Ministérios, quase sempre sob “pressão da
mídia”, eram justificadas com uma narrativa nada convincente de sabotagem e perseguição
e nem mesmo os acertos da equipe econômica e o trabalho árduo de pastas como a da
infraestrutura foram suficientes para convencer a opinião pública do contrário, levando o
governo a nocaute.

Mas Bolsonaro confiava muito no apoio popular que recebia, em especial
nas suas aparições em redes sociais, e que isso seria provado nas urnas, ponto no qual é
forçoso reconhecer que também tinha razão, não foi à toa que recebeu 58.206.354 votos
(49,1%), pouco mais de 2 milhões a menos que seu concorrente, que obteve 60.345.999
(50,9%), numa eleição em que 32.200.558 eleitores aptos deixaram de comparecer.

Ao final, a soberba de acreditar que venceria a qualquer custo e de
subestimar a força do mesmo povo que o elegeu, a despeito de seus erros, que foram
muitos, acabaram pesando mais e foram determinantes para a “volta” do PT, que parecia
estar prevendo há quase 3 anos. Por outro lado, a vitória apertada em uma das disputas
mais acirradas de todos os tempos mostra que Lula foi eleito por uma pequena maioria mas
precisará governar para todos e, assim como seu antecessor, não poderá errar.

Ele estava certo: a maioria que pesa na eleição é a mesma que faz falta na
derrota!

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