Morte nossa de cada dia

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Sobralito registra em seu podcast um tema que assusta a cidade.

Depois de um lanche bem reforçado, Sobralito se balançava numa rede na sala, vendo as notícias do dia. Depois de passear por alguns sites de jornalismo, o menino se concentrava nos assuntos dos blogs locais. E não dava outra. A maioria das notícias trazia alguma morte, algum assassinato, sempre com as mesmas características: alguém está em algum ponto da cidade, quando é abordado por uma ou duas pessoas, sempre de motocicleta, que disparavam vários tiros. Morte no local, seguida de atendimento de ocorrência policial, IML para retirada de corpo. Sangue!

Apesar do tema ser comum, infelizmente, em qualquer cidade, mais assassinatos pareciam ocorrer a cada semana, mesmo que os números oficiais da Polícia sobre esse tipo de crime dissessem o contrário. Não havia como negar que pessoas perdiam a vida toda semana. Quer fosse na frente de casa, numa calçada, ao lado de outras pessoas, à luz do dia, enfim, o crime sempre alcançava suas vítimas.

Com um pouco de esforço, Sobralito conseguiu, em sua pesquisa, saber o quantitativo de mortes por arma de fogo na cidade, e se tinha aumentado, ou não, em relação ao ano anterior. E como já mencionei, os dados falavam em diminuição, apesar da sensação de insegurança das pessoas, principalmente, na periferia.

Outro detalhe que chamou a atenção do menino, foi que a maioria das mortes não estava relacionada a roubo, a assalto seguido de morte, mas a eliminação da pessoa que, em alguns casos, tinha ou não passagem pela Polícia. Sem falar nas ‘balas perdidas’, que atingiam adultos, jovens ou crianças que, infelizmente, se tornavam o alvo alcançado pelo criminoso.

Sobralito, mesmo, já tinha ido a um ou outro velório de vizinho ou pai de amigo da escola, também vítima da mesma forma de eliminação de gente: a tiros. E, depois de coletar algumas informações, o menino pensou em sugerir o tema como redação na próxima aula, e montar o podcasta da semana falando sobre as muitas mortes que ocorriam na cidade.

Para enriquecer o podcast, Sobralito pensou em entrevistar o tio Arnaldo, um Policial Militar do Bairro, que poderia ajudar a entender o porquê de tanta morte. De tanta eliminação de pessoas. As conversas de calçada diziam que era por causa de dívidas com o tráfico, de erros cometidos no passado, de vingança. E apontavam toda a sorte de justificativa, que não se justificava por si só.

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