CBF e jogadores querem a continuidade de Tite após a Copa

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Tite firmou que não trabalhará em equipes brasileiras em 2023.

Basta o Brasil não cair antes da semifinal da Copa, e Tite tem gigantescas chances de seguir como treinador da seleção. A cúpula da CBF e os jogadores não querem a chegada de novo técnico. Aqui, em Doha, está cada vez mais descontraído nas coletivas, imitando até personagem consagrado em programa de Chico Anysio.

Foi surreal ver Tite ontem dizendo o bordão “Joselino não está”, ao ter de responder a perguntas sobre a seleção brasileira.
Alegre, irônico, firme, o treinador nunca teve tanto controle do seu trabalho. Quer com os jogadores, quer com a imprensa, quer com a direção da CBF.

Lógico que tudo isso pode desmanchar com uma derrota, diante da postura “resultadista” que rege o futebol, que no fundo não passa de um jogo.

Mas, nesse mesmo período, na fase de grupos, ele era uma pilha de nervos na Rússia. Suas coletivas eram sofridas, amedrontadas. Travadas.

Para ele e mesmo para os jornalistas que perguntavam. Com meias respostas, sempre apressadas, mantendo, de propósito, a superficialidade.

Ele amadureceu muito no ciclo de seis anos. Perdeu o tom professoral, declamatório da primeira Copa. O fracasso no Mundial doeu demais. Com duas assessorias de imprensa, uma da CBF e outra pessoal, ele mudou sua postura.

A dependência de Neymar segue só psicológica, a nova geração de atacantes talentosos o deixa mais seguro em relação ao time. Os laços com os jogadores são mais apertados. Uns conhecem a reação dos outros.

Mas é com o presidente Ednaldo Rodrigues que o elo se mostra mais firme. Não é forçado, como era com Rogério Caboclo.

Tite entende os compromissos financeiros da CBF, como venda de amistosos, Ednaldo o apoia publicamente em relação a qualquer convocação, aceita os seus pedidos de concentração. Com suas regras. Não faz como outros presidentes, como Ricardo Teixeira, que exigiam ver listas de convocações antes de serem divulgadas.

Houve liberdade na escolha dos seus auxiliares, do filho Matheus. Não houve a procura de mais um membro da comissão técnica sem Tite saber, como aconteceu com Caboclo, que falou com Xavi, sem o treinador brasileiro imaginar.

Tite está plenamente satisfeito com o salário de R$ 1,6 milhão por mês. Faz em média 22 partidas por ano, ao contrário de treinadores brasileiros que ultrapassam 60 jogos.

Ou seja, a relação entre Tite e a CBF nunca esteve tão firme.

Quando ele disse que seu ciclo terminaria depois deste Mundial, o momento era muito diferente. O fracasso do Mundial e a relação fraca com Caboclo o estimulavam a ir embora.

Ednaldo Rodrigues apoiou-o completamente quando o Brasil perdeu a Copa América, em pleno Maracanã, no ano passado.

O presidente da CBF tem sérias dificuldades em apontar um nome ideal para substituir Tite. Aliados já levaram os nomes de Cuca, Dorival Junior e Abel Ferreira.

Cuca não tem chance, por conta de sua condenação por abuso sexual quando era jogador. Dorival Junior acaba de ser dispensado do Flamengo. Está em baixa, mesmo com as conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil.

Abel Ferreira é português. E ainda há uma ala importante de presidentes de federações, que sustentam Ednaldo no cargo, que é contra um estrangeiro no comando da seleção masculina. Na feminina, a sueca Pia Sundhage trabalha tranquilamente.

Quando se fala em Guardiola, Klopp, Ancelotti, há dois grandes problemas. O primeiro é que eles não se submeteriam a aceitar uma preparação, por exemplo, sem confrontos com seleções europeias. E amistosos contra equipes fracas mas lucrativas à CBF.
E outra situação está nos salários. Todos recebem pelo menos seis vezes mais do que Tite.

Os confrontos na preparação e pagar tanto a um técnico estão fora dos planos da cúpula da CBF.

Ednaldo, ex-presidente da Federação Baiana de Futebol, é conhecido por sua paciência, sua maneira tranquila de trabalhar.

Ele quer a permanência de Tite.

Mas para isso precisa que o Brasil vá muito bem na Copa do Mundo. De preferência, que vença, para que o treinador dê o seu grito de “fico”.

Os jogadores o respeitam, há uma proximidade realmente grande. Os privilégios a Neymar diminuíram, como tolerar sua família e parças no hotel da seleção, como aconteceu na Rússia. Isso não se repete aqui em Doha.

Não há grandes confrontos entre o técnico e a imprensa. O clima de convivência é ameno, com mais liberdade do que havia em 2018.

Algo inédito na história pode acontecer, com um ciclo de dez anos de um treinador no comando da seleção brasileira.
É a vontade da CBF.

Só depende de Tite e dos resultados da seleção.

“O Tite não vai sair”, deixou escapar o vice-presidente da CBF, Francisco Novelletto.

“Eu duvido que, se ganhar a Copa do Mundo, ele saia. Ou nós deixemos ele sair. Já estou preparado para laçar ele e não soltar”, ironizou.

Tite só não fica se o resultado do Brasil for desastroso nos jogos eliminatórios, que começam na segunda-feira (5), com a primeira partida das oitavas.

Se chegar à semifinal, por exemplo, o trabalho será mais que aceitável.

O técnico só realmente faria as malas se surgisse um gigante europeu. O que até agora não foi o caso.

Para atrapalhar, as trocas de comando no Velho Continente costumam acontecer no meio do ano. Não no fim, quando é disputada, de forma excepcional, esta Copa do Mundo.

Fonte: PortalR7.Com

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