Ações da Petrobras somam queda de 32,16% desde a eleição de Lula
Incerteza do mercado sobre a condução econômica do próximo governo afasta investidores e desvaloriza a estatal.
As ações da Petrobras caíram 32,16% desde a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pico atingido uma semana antes do pleito foi de R$ 37,72 por ação preferencial da empresa. No último fechamento, na sexta-feira (2), o papel ficou cotado a R$ 25,91.
A queda acentuada, explica o economista Hugo Garbe, é um reflexo do clima de incerteza em relação às políticas econômicas do governo que assume em 1º de janeiro de 2023.
“Esse novo governo tem um histórico de corrupção que fez com que, no auge do escândalo, a ação tenha chegado a R$ 5,00. Além disso, também traz como uma das pautas taxar os dividendos e, quando o investidor compra, ele visa receber os dividendos”, argumenta o economista.
O movimento dos investidores, então, é vender as ações da maior empresa brasileira e comprar outras que prometem mais liquidez e lucro a curto prazo, o que faz com que os papéis da petroleira caiam.
“O mercado não gosta de incerteza, que é o cenário que estamos vivendo neste momento. Então, é natural que os preços tenham baixado tanto, porque há uma perspectiva de piora no médio e longo prazo”, complementa.
Garbe ressalta que a valorização do mercado é importante porque o financiamento da própria empresa depende do valor e da compra das ações.
Então, por exemplo, se a Petrobras precisar arrecadar dinheiro para algum fim do interesse da empresa, ela deverá vender mais ações do que venderia, já que o preço está mais baixo.
Dessa forma, quanto menos dinheiro captar, menos investimento conseguirá fazer, e, assim, criará menos empregos e menos renda.
Além disso, o mercado também é composto de pessoas físicas que investem o dinheiro e esperam o retorno para seus gastos pessoais, que movimentam a economia interna do país.
Segundo André Ribeiro, economista da Wise Investimentos, “cada momento na economia é singular, então é difícil comparar com outros períodos pós-eleitorais”.
Ele vê também como “ruidosa e incerta” a transição de governo, já que o presidente eleito ainda não deu sinais claros de como pretende atuar na economia.
Porém, afirma que, caso o novo governo “não dê um ‘cavalo de pau’ na condução da empresa, ela ainda terá muito espaço no mercado”.
Por ser a Petrobras uma empresa de commodities, suas ações flutuam de acordo com o preço do petróleo no mercado internacional, mas, “se vierem medidas pró-mercado no futuro próximo, ela deverá ter ainda mais espaço”, conclui Ribeiro.
*Vinicius Primazzi, estagiário do R7, sob supervisão de Ana Lúcia Vinhas.
Fonte: R7