Wellington Macedo quebra o silêncio

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O jornalista Wellington Macedo, que se tornou réu pela tentativa de explosão de uma bomba nos arredores do aeroporto de Brasília no dia 24/12, diz que foi usado para execução de um plano do qual ele não fez parte nem tomou conhecimento.

Quinze dias depois de foragido, o jornalista Wellington Macedo quebra o silêncio para se defender. Por questão de segurança ele não revelou onde se encontra. Monitorado por tornozeleira, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, ele se desfez do dispositivo e fugiu de Brasília logo depois da repercussão do caso.

Ele admitiu que participou das manifestações diante dos quartéis, exercendo o ofício de jornalista. Ao mesmo tempo, pedia contribuição através de PIX, para fazer frente aos gastos domésticos, pois, segundo ele, sua fonte de renda foi extinta com o banimento e desmonetização de suas redes sociais. Esteve também na cobertura dos protestos pela prisão do índio xavante, quando os manifestantes usaram de violência em frente à sede da PF. “Fica a 100 metros do hotel onde eu morava. Ao colocar o carro na garagem, vi a movimentação, e fui cobrir, não fiquei até o fim”, disse.

Ele é acusado de participação do ato, juntamente com George Washinton, que seria o mentor, mais Alan Diego, responsável pela operacionalização. A função de Macedo, segundo a denúncia na Justiça, seria a de motorista. Ele disse que foi usado, ao atender um pedido de carona. “Não tinha a menor ideia dos artefatos. Vi uma mala e uma mochila, não imaginava se tratar de uma bomba”, disse.

Macedo afirma que não seria ingênuo de participar de um ato criminoso quando estava sendo monitorado e poderia facilmente ser identificado. Ele adianta que está em contato com seu advogado, e recebendo cuidado de profissionais da saúde, pois estaria muito abalado.

Veja a nota enviada pelo jornalista:

SOBRE O EPISÓDIO DA BOMBA EM BRASÍLIA

Esclareço que não tive participação nenhuma no episódio da tentativa de explosão de uma bomba nos arredores do aeroporto de Brasília, no dia 24/12. Não sou autor de qualquer planejamento de atentado contra quem quer que seja. Eu não seria ingênuo de participar de tal ato, sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica, com o meu telefone celular no bolso, usando um carro em nome da minha esposa monitorado de fábrica por GPS e passando por dezenas de câmeras no caminho e no aeroporto.

Inocentemente, tentando ajudar alguém que há uma semana havia conhecido no acampamento do QGEx em Brasília, acabei sendo envolvido para execução de atos manifestamente contrários a tudo em que acredito.

Infelizmente, acompanho notícias e mais notícias absurdas e tendenciosas, me acusando de algo que eu jamais teria coragem de fazer. O tempo de poder exercer minha defesa está próximo. Hoje, a minha maior preocupação é com minha vida e integridade, uma vez que venho sendo ameaçado de morte desde então.

Apesar da gravidade dos fatos e da incompreensão de muitos, entendo que o momento é de salvaguardar minha integridade física, moral e psicológica. O tempo é o senhor da razão e muitos dos que hoje me acusam passarão a vergonha de serem obrigados a se retratar.

Fui preso inocentemente por 42 dias por veicular uma reportagem em meu livre exercício do trabalho jornalístico e sou monitorado como se condenado fosse há mais de um ano. Mesmo assim, jamais planejei qualquer coisa contra os responsáveis por tamanha injustiça. Não seria agora que me tornaria alguém que planeja atos dessa gravidade.

Wellington Macedo

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