Dengue, chikungunya e leptospirose geram alerta
O início do ano marca a chegada das chuvas no Ceará e, com elas, cresce a ocorrência de algumas doenças específicas, como dengue, chikungunya e leptospirose. É preciso redobrar a atenção e os cuidados para que estas enfermidades não ganhem proporções mais graves. “Toda doença pode evoluir, deixando sequelas ou levando ao óbito”, adverte o médico e professor universitário, Bruno Cavalcante.
O especialista aponta que, dentre as doenças de maior prevalência, a dengue se destaca. De janeiro a junho do ano passado – período de maior ocorrência das chuvas – o Ceará registrou 29.379 casos confirmadosda dengue, conforme dados da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado.
O número é 40% superior a igual período de 2021, quando a pasta registrou 20.007 confirmações da dengue. Outras doenças também causadas pelo mosquito Aedes Aegypti preocupam especialistas neste período chuvoso, como a chikungunya e zika.
Casos
Especialistas apontam quatro doenças como as de maior prevalência durante o período chuvoso, no Ceará. Dengue e chikungunya acumulam os maiores índices.
“As chuvas aumentam os pontos de água parada e estes locais são ideais para a proliferação deste mosquito. Portanto, é natural que tenhamos maior ocorrência destas doenças”, detalha Bruno. O médico sanitarista e gestor em saúde, Álvaro Madeira Neto, acrescenta ainda o crescimento das doenças respiratórias e diarreicas.
“Quando se há queda na temperatura e aumento de aglomerações a disseminação dos vírus fica facilitada o que aumenta a chance de transmissão das doenças”, detalha Álvaro. Ambos os médicos alertam, também, para a leptospirose, uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, sobretudo os ratos.
“É sempre recomendado que não haja contato com água parada. Se alguém, porventura, tiver que pisar nesses ambientes alagados, é aconselhável o uso de botas ou, na falta deste equipamento, sacos plásticos que possam proteger a pele. Imediatamente após sair da água, recomendamos lavar as partes do corpo que tiveram contato com esta água que pode está contaminada”, explica Bruno Cavalcante.
COMO PREVENIR
O médico sanitarista Álvaro Madeira Neto adverte que, durante este período chuvoso, é imprescindível elevar os cuidados básicos. O especialista considera que somente com “prevenção a incidência destas doenças pode ser reduzida”. Dentre as orientações, Álvaro aponta a necessidade de evitar pontos de aglomerações, não deixar água parada e sugere ainda a necessidade de recolhimento do lixo.
“Lixo parado e exposto é um agente de proliferação de vetores, como ratos e mosquitos”, pontua Madeira Neto. O médico Bruno Cavalcante acrescenta outro ponto primordial: o “autocuidado”.
“As pessoas que normalmente já costuma gripar ou ter resfriado, elas devem ter atenção e cuidados ainda mais redobrados. É importante também que todos mantenham o calendário vacinal atualizado, principalmente da gripe e pneumonia”, detalha Bruno.
Questionado de algum grupo etário se mostram mais vulnerável, Cavalcante aponta crianças e idosos como os mais propícios a serem acometidos com doenças nesta época do ano, sobre as alérgicas e diarreicas. “Pacientes imunossupressores também estão entre os mais vulneráveis”, acrescenta o médico e professore universitário.
SEQUELAS E RISCO DE MORTE
Dentre as doenças acima mencionadas, os médicos destacam três como sendo as de maior potencial de gravidade. No que se refere a sequelas, Álvaro Madeira aponta a chikungunya como a mais delicada. “É uma doença que tem grande potencial de deixar sequelas por muito tempo. É preciso um longo período de reabilitação”, alerta.
Cerca de 50% das pessoas infectadas podem ter dores articulares mesmo muito tempo após ficarem curadas da doença. Algumas, entretanto, sofrem com dores debilitantes por vários anos após a infecção. Álvaro Madeira Neto explica que não há tratamento específico para a chikungunya. “O que pode ser feito é o uso de medicamentos para aliviar as dores e outros sintomas, à medida que eles forem surgindo”.
O médico e professor universitário Bruno Cavalcante lembra ainda que, embora a leptospirose não goze de tanta popularidade com as outras doenças – dengue, chikungunya e zika – ela requer muito cuidado por ser uma doença de “potencial perigo”. “Pode evoluir para hemorragia, gerar complicações renais e no pulmão”, detalha Cavalcante.
Para o risco de morte, a doença mais grave é a dengue. Álvaro detalha que somente no ano passado foram confirmados 1.016 óbitos no Brasil, número que o especialista considera grave e preocupante.
PRINCIPAIS SINTOMAS
Leptospirose:
febre alta que começa de repente,
mal-estar,
dor muscular especialmente na panturrilha,
dores de cabeça e no tórax,
olhos vermelhos,
tosse,
cansaço,
calafrios,
náuseas,
diarreia,
desidratação, e
manchas vermelhas no corpo.
Dengue:
Febre alta superior a 38.5ºC,
Dores musculares intensas,
Dor ao movimentar os olhos,
Mal estar,
Falta de apetite,
Dor de cabeça e
Manchas vermelhas no corpo.
Chikungunya:
Febre acima de 39 graus, de início repentino,
Dores intensas nas articulações de pés e mãos,
Dor de cabeça e
Manchas vermelhas na pele.
Zika:
Dor de cabeça,
Febre baixa,
Dores leves nas articulações,
Manchas vermelhas na pele,
Coceira e
Vermelhidão nos olhos
Doenças diarreicas agudas:
Cólicas abdominais;
Dor abdominal;
Febre;
Sangue ou muco nas fezes;
Náusea e
Vômitos
Fonte- Diàrio do Nordeste