Fortaleza amadurece discussão sobre SAF e vê interesse de investidores
Tricolor mantém conversas e recebe sinalizações positivas para aporte financeiro em modelo minoritário, vendendo até 15% da SAF. Estatuto do clube passará por atualização.
Elogiado a nível nacional pelos resultados esportivos e dono da maior receita de um clube nordestino em uma temporada, o Fortaleza não se dá por satisfeito e mira um novo salto em campo e nas finanças, O clube do Pici mantém conversas no mercado para se tornar Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em modelo minoritário e já recebeu sinalizações positivas de investidores interessados.
A intenção do Leão é vender 15% da SAF para eventuais investidores e permanecer com 85%. Ou seja, o Fortaleza receberia aporte financeiro e criaria condições para os donos da fatia minoritária obterem retorno do montante, o que poderia ocorrer em negociações de jogadores, por exemplo.
Na questão administrativa, o modelo de gestão seria mantido: a decisões continuariam sob responsabilidade do presidente e vices eleitos pelos sócios.
Com mandato até o final de 2024, o presidente Marcelo Paz e o 1º vice-presidente Geraldo Luciano encabeçam as tratativas, o outro vice é Alex Santiago. As abordagens e sondagens partem mais do mercado do que do próprio clube, com interesse em conhecer a realidade do Tricolor e entender o modelo de negócio.
Alguns investidores já se mostraram interessados em adquirir o percentual de uma eventual SAF do Leão.
O Fortaleza é visto com bons olhos no mercado pela ascensão esportiva, com boas campanhas nacionais e participações em torneios internacionais; modelo profissional de gestão já implementado, com diretores remunerados e gerentes executivos em cada área; papel ativo na formação da liga do futebol brasileiro (Liga Forte Futebol); torcida engajada e dívida baixa (passivo em torno de R$ 30 milhões).
Em 2022, tanto Marcelo Paz quanto Geraldo Luciano já tinham relatado que o clube estava estudando o assunto e atento às movimentações no futebol brasileiro. A partir de janeiro deste ano, as discussões internas amadureceram e o modelo de SAF já é apontado como realidade em um futuro não tão distante no Pici.
“Existe alguma possibilidade do clube se transformar numa SAF, mas uma SAF minoritária. O que é uma SAF minoritária? É vender, no máximo, entre 10 e 15% das ações e a atual gestão continuar no comando do clube”, explicou o presidente em entrevista à Rádio Bandeirantes, na último dia 4.
“Capitalizar o clube, dar um modelo ainda mais profissional de gestão. Ganharem dinheiro com resultado, porque quem bota dinheiro quer ganhar dinheiro, mas sem ser dono do clube. Esse é o modelo que a gente acredita para SAF no Fortaleza nesse momento: uma venda minoritária e a atual gestão continuar no controle”, confirmou Paz.
Com a criação da Lei da SAF em 2021, os clubes brasileiros precisaram adequar os respectivos estatutos para permitir a transformação ou ao menos prever a possibilidade. Este caminho será seguido pelo Fortaleza: o Conselho Deliberativo criou a Comissão para Assuntos Legais e Estatutários, que é responsável por elaborar uma revisão da carta-magna da instituição. O grupo é composto por cinco conselheiros:
A Comissão foi criada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Wendell Regadas, em 20 de dezembro do ano passado e tem prazo máximo de 180 dias para concluir os trabalhos – ou seja, pode prosseguir até meados de junho. O objetivo é a “adequação das normas estatutárias do clube à legislação desportiva vigente, inclusive a Lei nº 14.193/2021”, que é a Lei da SAF.
A partir da mudança no documento, em caso de proposta para o Tricolor, o tema seria votado por conselheiros e sócios em Assembleia Geral. Em meio às conversas no mercado, a Diretoria Executiva mantém os Conselhos Deliberativo e Fiscal a par do assunto.
Além disso, a evolução do Leão nos últimos anos e o alto índice de aprovação do trabalho de Marcelo Paz facilitariam o aval para a transformação em SAF.
Quem já virou SAF no Brasil
Meses depois da aprovação da lei, alguns clubes em maior dificuldade financeira já aderiram ao novo modelo: Botafogo, Cruzeiro e Vasco, por exemplo. Estes venderam a maior parte das ações por cifras altas, com promessa de aporte financeiro dos investidores em período de 10 a 15 anos. Bahia, Coritiba e América-RN também seguiram por este caminho.
América-MG e Cuiabá, que estão na Série A do Campeonato Brasileiro, viraram SAF e estão registrados assim na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas ainda não venderam qualquer fatia e nem receberam investimentos externos.
Fonte: GeEsportes