Há onze anos, homem fingiu ser irmão do Pe. Marcelo Rossi para aplicar golpes no CE
Um homem é investigado suspeito de fingir ser irmão do Padre Marcelo Rossi para aplicar golpes em agricultores em Granjeiro, a 460 km de Fortaleza. Conforme as vítimas, o suspeito pedia para fazer orações nas pessoas dentro das casas onde moravam, alegando que multiplicaria o dinheiro delas. O golpe é similar a um crime registrado em março de 2012, quando uma mulher teve dinheiro roubado em casa por um homem que também dizia ser irmão do líder religioso, no município de Icó.
A outra semelhança entre os golpes é que os falsos irmãos do Pe. Marcelo chegam acompanhados de outras pessoas na hora de abordar as vítimas. Foi questionado a Secretaria da Segurança Pública do Ceará se trata-se do mesmo homem que aplicou ambos os golpes, mas o órgão não confirmou se há relação entre os casos.
“Ele reza nas pessoas e se veste todo de branco. Ele diz que é irmão do Padre Marcelo Rossi. Ele chega falando isso nas casas. Pega as pessoas mais humildes e ‘enrola'”, explicou o agricultor Cicero Moreira Filho, que teve a irmã como vítima do golpista em 2023. Na ocasião a dupla levou R$ 1.500.
Já em 2012, a vítima que denunciou disse que deixou os suspeitos entrarem na casa dela e iniciar uma oração. “Ele perguntou se a mulher tinha algum dinheiro para usar na reza e ela entregou R$ 380,00”, explicou, à época, o inspetor Rogério Andrade, da delegacia de Icó.
Ainda de acordo com o depoimento, o suspeito teria enrolado o dinheiro recebido em uma camisa e fez uma oração sobre o objeto. “Após isso, ele pediu que a mulher guardasse a camisa dentro do guarda-roupa e que retirasse somente às 17h, caso contrário, a oração não seria concretizada”, disse o inspetor.
Furto durante oração
No crime registrado em Granjeiro, Cícero Moreira disse que o suspeito pegou o dinheiro e pediu para contar. Enquanto falava, ele pegou as cédulas e colocou em um pacote, onde dizia que o dinheiro seria “encantado” para que fosse multiplicado.
“Estava trabalhando quando chegaram duas pessoas. Um homem moreno e perguntou primeiro se no local vendia mel de abelha. Aí ele perguntou se o povo da casa conhecia o Padre Marcelo Rossi. Aí respondi que só pela televisão. Aí mostrou o homem que seria irmão do Padre Marcelo. Aí desceu esse rapaz com jaleco branco e começou a rezar. Fazer uma oração. Perguntou se a gente tinha dinheiro. E pediu para buscar e contar. R$ 1.500″, disse.
“Aí ele pediu para minha irmã contar e depois pediu para contar o dinheiro. Fez um cartucho com vários pacotes. Pediu um pano fino e pegou os cartuchos de dinheiro e disse para abrir às seis horas da tarde. Quando a gente foi pegar o dinheiro, só tinha o papel”.
Um familiar de outro agricultor afirmou que o golpista levou R$ 3.600.
“A vítima é uma prima minha. Ela tem até um pai acamado. Descobriram alguma coisa que ela cuidava dele e que tinha décimo terceiro salário guardado ou coisa assim. Chegou dizendo que ia rezar nele, aumentar os bichos, e essas enroladas. Aí levou dela R$ 3.600”, relatou.
O agricultor Francisco Rodrigo é outro que foi visitado pelo estelionatário. No entanto, o agricultor se recusou em dar dinheiro.
“Chegaram aqui dizendo que procuravam uma pessoa para tratar da vista. Um ficou aqui na porta e outro dentro do carro. O que estava na porta falou que o que estava no carro era irmão do Padre Marcelo Rossi. ‘Posso chamar ele aqui para fazer umas orações? ‘Aí eu disse que pode sim. Pediu dinheiro para uma igreja e eu disse que não dava, pois eu tenho minhas obrigações, e foram embora”.
Investigações
Sobre o assunto, a Polícia Civil informou que investiga supostos casos de estelionato que teriam ocorrido no município de Granjeiro. As investigações estão a cargo da Delegacia Municipal de Várzea Alegre.
Por meio de nota, a assessoria do sacerdote informou que não tomou conhecimento desse caso e é público que o Padre Marcelo Rossi tem apenas duas irmãs.
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas pelo telefone (88) 3541.2397, da Delegacia Municipal de Várzea Alegre.
As informações também podem ser encaminhadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.
Já sobre o caso de 2012, a Secretaria não informou se o suspeito foi identificado e/ou capturado.
Fonte- G1