Navios com velas solares serão “superalimentados pelo sol da meia-noite”

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Empresa de cruzeiros da Noruega quer aproveitar sol da meia-noite e combustíveis verdes.

A companhia de cruzeiros de aventura Hurtigruten Norway revelou planos para uma embarcação elétrica, com emissões zero e velas retráteis cobertas por painéis solares, que deve estrear em 2030.

A empresa tem atualmente uma frota de oito navios, com capacidade para 500 passageiros cada, que viajam ao longo da costa norueguesa de Oslo até o Círculo Polar Ártico.

De acordo com a CEO Hedda Felin, embora venha de uma empresa pequena, a Hurtigruten Norway espera que a inovação “possa inspirar toda o setor marítimo”.

O projeto, chamado “Sea Zero”, foi inicialmente anunciado em março de 2022. Desde então, a Hurtigruten Norway, junto de 12 parceiros marítimos e o instituto de pesquisa norueguês SINTEF, vem explorando soluções tecnológicas que podem levar a viagens marítimas livres de emissões.

O projeto resultante funcionará predominantemente com baterias de 60 megawatts que podem ser carregadas nos portos. É bom lembrar que até a carga é feita com energia limpa, já que as energias renováveis representam 98% do sistema elétrico da Noruega.

Gerry Larsson-Fedde, vice-presidente sênior de operações marítimas da Hurtigruten Norway, o responsável pela ideia de um navio de emissão zero, estima que as baterias terão um alcance de 300 a 350 milhas náuticas, o que significa que, durante uma viagem de ida e volta de 11 dias, a embarcação teria que recarregar cerca de sete ou oito vezes.

Para reduzir a dependência das baterias, três velas retráteis sobem para fora do convés quando está ventando, atingindo uma altura máxima de 50 metros.

Elas podem ser ajustadas de forma independente, encolhendo para passar sob pontes ou mudando seu ângulo para pegar mais vento, como explicou Larsson-Fedde.

O VP acrescentou que as velas serão cobertas em um total de 1,5 mil metros quadrados de painéis solares que gerarão energia para recarregar as baterias durante a navegação. Os níveis de bateria serão exibidos na lateral do navio.

“Na Noruega, embora possa ser escuro às vezes no inverno, ainda temos sol no sul. E temos sol 24 horas por dia no verão. Seremos superalimentados pelo sol da meia-noite”, contou.

O navio será equipado com 270 cabines para acomodar 500 convidados e 99 tripulantes. Sua forma simplificada resultará em menos resistência ao ar, ajudando a reduzir ainda mais o uso de energia.

A bordo, os passageiros podem minimizar seus próprios impactos climáticos por meio de um aplicativo móvel interativo que monitora o consumo pessoal de água e energia.

“Queremos tornar os passageiros mais conscientes da quantidade de energia que usam quando ficam dez minutos a mais no chuveiro ou usam o ar condicionado o tempo todo”, disse Larsson-Fedde.

O transporte marítimo foi responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com a Organização Marítima Internacional (OMI), órgão da ONU que regula o setor.

Em 2018, a OMI introduziu uma meta para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa da indústria em pelo menos metade até 2050.

A meta trouxe uma nova onda de projetos para embarcações de navegação ecologicamente corretas, que incluem um transportador de carros transatlânticos, vários tipos de cargueiros com velas retráteis e até mesmo um navio de cruzeiro do estaleiro Chantiers de Atlanique com velas sólidas dobráveis.

Mas a maior parte desses projetos também dependerá de motores que usam os combustíveis fósseis.

O executivo norueguês observou que, embora o projeto da Hurtigruten Norway tenha um motor de reserva por razões de segurança, ele vai operar (se for necessário) apenas com combustíveis verdes, como amônia, metanol ou biocombustível.

A Hurtigruten Norway vem buscando soluções de transporte sustentável há tempos. Em 2019, ela lançou o primeiro navio de cruzeiro híbrido e alimentado por bateria do mundo.

Atualmente, a companhia de cruzeiros está em processo de converter o resto de sua frota de expedição para energia híbrida de bateria.

“Dependemos do oceano e do meio ambiente. Esse é o nosso produto: oceanos limpos, portos limpos, fornecedores locais”, enumerou Felin.

“Queremos ir além e sermos o líder em sustentabilidade, pois acreditamos que nossa indústria é muito lenta e não ambiciosa o suficiente”.

Ao longo dos próximos dois anos, a Hurtigruten Norway testará as novas tecnologias antes de finalizar o projeto em 2026, com intenção de iniciar a produção no estaleiro em 2027.

O primeiro navio deve entrar em águas norueguesas em 2030. Depois disso, a empresa espera transformar gradualmente toda a sua frota em embarcações de emissão zero.

Fonte: CNNBrasil

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