Estagiária do interior do Ceará foi cooptada para golpe do INSS, diz PF
Uma estagiária de aproximadamente 18 anos, recém-contratada em uma Agência da Previdência Social do município de Novo Oriente, foi cooptada por uma organização criminosa nacional para instalar equipamentos clandestinos que captavam as senhas de servidores do INSS, conforme investigação policial. Ela foi um dos alvos da operação da Polícia Federal (PF) “Oriente 327”, que foi deflagrada nesta quarta-feira, 14, no Cerará.
De acordo com a investigação, de posse das senhas, o grupo criminoso, que é investigado pela PF por causar um prejuízo bilionário aos cofres públicos, fraudava benefícios previdenciários e contratava empréstimos consignados.
Conforme o delegado Cláudio Carvalho, a jovem, que tem ensino médio completo, foi contactada quando começou a trabalhar na unidade da Previdência Social.
Ela atuava com atendimento ao público, mas a investigação aponta que foi abordada por técnicos que têm conhecimento em informática e atuam como intermediadores do grupo criminoso.
A PF possui imagens de circuito de segurança da agência que mostram a jovem instalando os equipamentos. Detalhes sobre a ação dos intermediadores não foram revelados nessa fase da operação.
A descrição da estagiária faz parte do perfil de pessoas que são cooptadas pelas organização criminosa especializadas em fraudes no INSS. “São pessoas humildes, terceirizados ou estagiários”, ressalta o delegado Cláudio.
Essas pessoas são “contratadas” por valores irrisórios se comparados aos valores obtidos com as fraudes, conforme o delegado. Além disso, a pessoa cooptada pode responder por estelionato previdenciário e organização criminosa. Ela é considerada pela Polícia Federal uma coautora.
Golpe do INSS: entenda a operação Oriente 237
No dia 27 de abril deste ano, o setor de Inteligência da Previdência Social de Novo Oriente detectou a existência de equipamentos clandestinos. Foi verificado que a estagiária estava instalando equipamentos nas máquinas.
Com a implantação de um roteador e um modem, era possível captar as senhas do servidores, conforme a investigação. A organização criminosa reativava os benefícios que estavam inativos, seja por morte ou qualquer outro motivo, e contratava empréstimos consignados.
Eram abertas contas correntes em agências bancárias com documentos falsos em nomes dos benefícios e segurados. A estagiária identificada pela PF foi alvo de mandado de busca e apreensão, além dos equipamentos da Previdência Social de Novo Oriente que também foram coletados.
Tudo será periciado para verificar quantos benefícios foram reativados e o montante do prejuízo aos cofres públicos a partir da instalação desse equipamento clandestino.
Fraudes no benefício do INSS
As principais fraudes aplicadas no INSS e divulgou operações relacionadas aos esquemas que burlam o sistema de previdência social. Nessas ações, distintas, foram identificados empresários e políticos, que atuavam como articuladores, e pessoas do ramo de confecções, construção e até relacionados à compra de parques de vaquejada para lavar dinheiro.
O delegado Cláudio Carvalho, da PF, cita que muitos dos golpes usam “contas de laranjas”. O uso de contas digitais de terceiros também se tornou alvo da Polícia Federal e, atualmente, são consideradas os principais vetores de fonte de renda das organizações criminosas.
Em relação ao INSS, 40% das fraudes identificadas pela PF são de amparo social ao idoso.
PF deflagra duas operações no Ceará
A operação “Vintém”, também deflagrada nesta quarta-feira, 16, pela Polícia Federal (PF), atuou para desmantelar um esquema criminoso de fraudes em caixas eletrônicos. A PF investiga mais de 700 saques indevidos em unidades da Caixa Econômica Federal, em um dia, em cinco bairros da capital cearense.
Esses saques causaram um prejuízo de mais de R$ 1 milhão à instituição bancária. Um dos suspeitos investigados é um homem que prestava serviço de manutenção para a Caixa. Ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão.
Imagens das câmeras de segurança analisadas pelos federais identificaram aproximadamente 20 pessoas participando desse esquema em Fortaleza. Os caixas eletrônicos registravam saques de R$ 20, no entanto, o dinheiro que saía “da boca do caixa” era de R$ 2 mil.
Os equipamentos eram “infectados” por programas maliciosos. O delegado Victor Mesquita, responsável pela operação, destacou que outros estados brasileiros foram afetados pelo esquema no mesmo período, mas a maior parte dos valores foi retirada em Fortaleza.
A PF agora tenta descobrir quem são os articuladores, como é feita a lavagem de dinheiro e toda a operacionalização da organização criminosa. Essa foi a primeira vez que esse tipo de ação foi identificada no Ceará.
Fonte- O POVO