Morre o dramaturgo Zé Celso, fundador do Teatro Oficina, aos 86 anos, em São Paulo
Ele estava na UTI desde terça, após um incêncio em sua residência.
O diretor, ator, encenador e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, mais conhecido como Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (6/7), aos 86 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital das Clínicas, após um incêndio atingir o apartamento em que ele morava.
Pelas redes sociais, o Teatro Oficina confirmou a morte de Zé Celso. O grupo, que representa a maior obra do dramaturgo, escreveu: “Tudo é tempo e contratempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol. Amor de muito. Amor sempre”, assinalou o Teatro Oficina.
No incêndio, Zé Celso sofreu queimaduras de segundo grau no rosto, nas pernas e nos braços. O dramaturgo teve 53% do corpo queimado. Marcelo Drummond, marido do artista, Vitor Rosa e Ricardo Bittencourt também estavam no apartamento e inalaram fumaça. Eles receberam alta do Hospital São Paulo nesta quinta-feira.
A causa do incêndio ainda é investigada. Há a suspeita de que tenha começado por meio do aquecedor, ligado pelo próprio dramaturgo.
Zé Celso é um dos principais nomes das artes cênicas no Brasil. Ele ficou conhecido, principalmente, por fundar o Teatro Oficina, uma das maiores e mais antigas companhias de teatro do país. Ele começou a se interessar por arte ainda criança, quando brincava de representar as mais diversas realidades no quintal de sua casa.
O ator iniciou o curso de direito na Universidade de São Paulo (USP), por pressão dos pais, mas logo chamou a atenção para métodos de atuação de Constantin Stanislavski, ator e pedagogo russo.
Ele criou, em 1985, ao lado de Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel, o Teatro Oficina, com sede em São Paulo. O grupo chamou a atenção durante a ditadura militar, com uma linguagem que Zé Celso definia como “pulsão dionísica”.
Zé Celso é visto como mestre por nomes como Julia Lemmertz, Leona Cavalli, Reynaldo Gianecchini, Alanis Guillen, Alexandre Borges e outros.
Zé Celso, inclusive, travou uma briga com Silvio Santos que já ultrapassa gerações. O dramaturgo enviou o convite de seu casamento para o dono do Baú e sugeriu, como presente, o terreno no entorno do Teatro Oficina.
A área foi uma disputa entre Zé Celso e Silvio Santos durante mais de quatro décadas. O empresário era dono do local e pretendia construir três torres no espaço, enquanto Zé Celso (criador e diretor do Teatro Oficina), queria que a área sediasse o Parque do Rio Bexiga.
“Essa briga é algo que nunca se resolve. É um imbróglio mais velho do que a minha relação com o Zé”, afirmou Marcelo Drummond, à época do casamento.
Ricardo Bittencourt, que estava organizando o casamento, foi quem teve a ideia de mandar o convite impresso para o dono do SBT. “É como o Ricardo diz: ‘O não (do Silvio Santos sobre a doação do terreno) a gente já tem. Não custa tentar o sim”, afirmou Drummond.
Fonte: Metrópoles