El Niño poderá afetar produção de alimentos no Brasil, dizem especialistas

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O fenômeno climático é responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que influencia no regime de chuvas em todo o país.

A expectativa da Organização Meteorológica Mundial (OMM) é que o fenômeno climático El Niño provoque eventos climáticos extremos e de temperaturas recordes nos próximos meses. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam sobre impactos na agricultura brasileira e na vida dos brasileiros.

O El Niño é responsável pelo aquecimento da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico. No Brasil, os efeitos do fenômeno climático são sentidos de formas diferentes em cada região.

“Como o El Niño é um aquecimento de uma região normalmente caracterizada por uma temperatura mais baixa do oceano, ele tende a inverter as condições climáticas normais, ou seja, nas regiões que apresentam tendência de seca elas acabam sendo mais chuvosas. Nas mais chuvosas, elas tendem a apresentar mais períodos de estiagem. Porém, o fenômeno ainda está se estabelecendo”, explica o professor Gustavo Baptista, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB).

No Nordeste, o El Niño é responsável pelo aumento do período de seca e na potencialização das queimadas florestais.O agrometeorologista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Trigo Gilberto Cunha alerta para os impactos da estiagem na produção de alimentos para a subsistência da população.

“Na região afeta mais os cultivos de subsistência, principalmente os cultivos de milho e feijão, mas também não se afasta a soja e a cevada que já estão sendo plantadas em vários estados do Nordeste”, destaca Gilberto.

O fenômeno deve provocar um regime de chuvas mais intensas no Sul, o que poderá aumentar os riscos de enchentes e inundações. Na produção o El Niño poderá prejudicar os cultivos de inverno, como trigo, aveia e cevada, segundo o agrometeorologista da Embrapa. “Ele pode ser tanto prejudicial nos cultivos de inverno quanto benéfico para cultivos de verão (soja e milho).”

Na última semana, o planeta Terra registrou o dia mais quente da história, desde que as medições em nível mundial passaram a ser realizadas em 1979. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês), os termômetros registraram uma temperatura média de 17,01° Celsius.

A expectativa dos especialistas é de que o El Niño provoque alterações nas temperaturas durante a sua ocorrência. “O que se verifica durante os períodos de El Niño é uma inversão das condições normais. Se você tem tendência de temperatura mais elevada normalmente, durante o El niño você tende a ter temperaturas mais baixas”, esclarece Gustavo Baptista.

“É importante acompanhar a evolução do fenômeno, pois no período de 2015-16 tivemos o El niño mais intenso da história e a maior temperatura média global. Porém, na segunda-feira [3/7] esse recorde foi batido, com a temperatura média global de 17,01°C e na terça [4/7], foi batido novamente com 17,18°C. Isso pode ser um indício de que o El niño esteja realmente se estabelecendo e pode vir com grande intensidade”, completa o professor do do Instituto de Geociências da UnB.

Fonte: Metrópoles

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