Vacinação infantil aumenta em 2022, mas ainda fica abaixo da meta

Foto: Agência Brasil
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O estudo foi publicado no periódico científico National Library of Medicine, com dados até 2021, e teve atualização divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Um levantamento feito pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância Fiocruz/Unifase) indica que a cobertura de quatro vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) aumentou em 2022, mas ainda ficou abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. O estudo foi publicado no periódico científico National Library of Medicine, com dados até 2021, e teve atualização divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

As vacinas analisadas foram a BCG, que protege contra formas graves de tuberculose; a injetável contra a poliomielite, que previne a paralisia infantil; a tríplice bacteriana (DTP), que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche; e a tetraviral, que combate sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Todas elas são indicadas para crianças no primeiro ano de vida e têm como meta atingir 95% do público-alvo.

O estudo mostra que a vacina BCG foi a única que superou a meta em 2022, alcançando uma cobertura de 99,5%, um aumento de 19,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior. As outras três vacinas tiveram aumento de cobertura, mas não chegaram ao patamar desejado. A injetável contra a poliomielite teve um crescimento de 19,7 pontos percentuais, mas ficou em 85,3%. A tríplice bacteriana teve um aumento de 9,1 pontos percentuais, mas registrou 85,5%. A tetraviral teve o menor aumento, de 3,5 pontos percentuais, e ficou com uma cobertura de apenas 59,6%.

Queda preocupante

O aumento da vacinação infantil em 2022 ocorreu após uma sucessiva queda das coberturas vacinais desde 2015, que tem sido motivo de preocupação de autoridades sanitárias e pesquisadores. Eles apontam o risco de retorno e descontrole de doenças eliminadas ou controladas no país, como a poliomielite e o sarampo. O caso mais emblemático é o do sarampo, que chegou a ser eliminado do país em 2016, mas retornou dois anos depois em meio à queda da vacinação.

Os pesquisadores do Observa Infância atribuem a queda das coberturas vacinais a diversos fatores, como o movimento antivacina, a falta de informação sobre a importância e a segurança das vacinas, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde e as falhas na gestão do PNI. Eles defendem que é preciso fortalecer as estratégias de comunicação e educação em saúde para sensibilizar a população sobre os benefícios da vacinação e combater as fake news sobre o tema.

Metodologia própria

O Observa Infância desenvolveu uma metodologia própria para calcular as coberturas vacinais e relacionar esses dados com outras informações epidemiológicas e socioeconômicas. O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre os dados obtidos junto aos sistemas de informação nacionais.

Os pesquisadores colheram dados de mais de 1,3 bilhão de doses aplicadas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), por meio da plataforma TabNET3. Essas informações são combinadas a dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Ministério da Saúde (MS), além de informações utilizadas no VAX*SIM4, estudo que cruza grandes bases de dados para investigar o papel das mídias sociais, do Programa Bolsa Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos.

O trabalho é conduzido pelos pesquisadores Patricia e Cristiano Boccolini, vinculados ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e à Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase). O observatório conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

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