BCG: a vacina que protege os recém-nascidos contra a tuberculose

Foto: Agência Brasil
Compartilhe

A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis

A vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) é uma das primeiras que os bebês devem receber logo após o nascimento, pois previne as formas graves da tuberculose, uma doença infecciosa que pode afetar vários órgãos do corpo, especialmente os pulmões. A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, e pode ser transmitida pelo ar, por meio da tosse ou espirro de uma pessoa infectada.

A vacina BCG foi desenvolvida na França, entre 1908 e 1921, pelos cientistas Albert Calmette e Camille Guérin, que usaram uma bactéria atenuada de origem bovina, chamada Mycobacterium bovis, para estimular a resposta imunológica do organismo humano. A vacina começou a ser usada em 1921 e, desde então, tem contribuído para reduzir a mortalidade infantil causada pela tuberculose em todo o mundo.

No Brasil, a vacina BCG faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que completa 50 anos em 2023. A recomendação é que a vacina seja aplicada nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade, em bebês com pelo menos 2 quilos de peso. Caso a vacina não seja administrada na maternidade, ela deve ser feita na primeira visita ao serviço de saúde. A vacina é aplicada por via intradérmica, preferencialmente no braço direito, e produz uma cicatriz característica.

O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que a vacinação precoce com a BCG tem uma razão técnica, pois os riscos de contrair a tuberculose são imediatos e podem ser fatais para os recém-nascidos.

“As vacinas são organizadas dentro de um calendário em função de riscos. Não colocamos uma vacina no calendário da criança contra uma doença que acomete adolescentes ou idosos. Você organiza o calendário de maneira a cobrir a fase de maior risco de adoecimento. É justamente no primeiro ano de vida, quando a criança tem imaturidade do sistema imune, em que essas doenças são mais frequentes e mais graves, como pneumonia, coqueluche, difteria, paralisia infantil, tétano, meningite. Essas vacinas incluídas nas primeiras doses são para oferecer à criança maior proteção logo após o nascimento”, afirma.

Segundo o médico, a vacina BCG não previne a tuberculose pulmonar, que é a forma mais comum da doença em adultos, mas sim as formas disseminadas e extrapulmonares da doença, que podem atingir o cérebro (meningite tuberculosa), os ossos (osteomielite), os rins (pielonefrite) e outros órgãos (tuberculose miliar). Essas formas são mais raras, mas mais graves e potencialmente letais para as crianças.

“A vacina BCG não impede que a criança se infecte pelo bacilo da tuberculose ao longo da vida, mas impede que ela desenvolva as formas graves da doença nos primeiros anos de vida. Por isso ela é tão importante e deve ser aplicada o mais cedo possível”, esclarece.

De acordo com o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da BCG no Brasil foi de 96% em 2020, acima da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 90%. No entanto, o país ainda enfrenta um cenário preocupante em relação à tuberculose: em 2019, foram registrados 73.864 casos novos e 4.881 óbitos pela doença. O Brasil ocupa o 18º lugar entre os 30 países com maior carga de tuberculose no mundo.

Para combater a tuberculose, além da vacinação, é fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos casos, que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento dura, em média, seis meses e deve ser seguido até o final, mesmo que os sintomas desapareçam. A interrupção do tratamento pode levar à resistência do bacilo aos medicamentos e à transmissão da doença para outras pessoas.

Os principais sintomas da tuberculose são tosse persistente por mais de três semanas, febre, suor noturno, perda de peso e falta de apetite. Quem apresentar esses sinais deve procurar uma unidade de saúde e realizar o exame de escarro (baciloscopia), que detecta a presença do bacilo da tuberculose. O exame é simples, rápido e gratuito.

A vacina BCG é uma das medidas de prevenção da tuberculose, mas não é a única. Outras ações importantes são: evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e iluminados, ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas. A tuberculose tem cura e pode ser vencida com informação, cuidado e responsabilidade.

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Skip to content