Mercado eleva para 2,64% projeção do crescimento da economia em 2023

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A estimativa consta no boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), que reúne as projeções de cerca de 100 instituições financeiras

O mercado financeiro está mais otimista com o desempenho da economia brasileira em 2023. Pela terceira semana consecutiva, a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos bens e serviços produzidos no país – subiu, passando de 2,56% para 2,64%. A estimativa consta no boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), que reúne as projeções de cerca de 100 instituições financeiras.

Para 2024, a expectativa do mercado é de que o PIB cresça 1,47%. Para 2025 e 2026, as projeções são de expansão de 2% para os dois anos.

A melhora nas perspectivas para a economia brasileira ocorre após o resultado positivo do PIB no segundo trimestre deste ano, que superou as expectativas dos analistas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 0,9% entre abril e junho, na comparação com os primeiros três meses de 2023. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 3,4%. No acumulado de 12 meses, o PIB avançou 3,2%. E no primeiro semestre deste ano, a expansão foi de 3,7%.

O resultado do PIB reflete a recuperação da atividade econômica após o impacto negativo da pandemia de covid-19 em 2020, quando a economia brasileira encolheu 4,1%, a maior queda desde o início da série histórica do IBGE, em 1996.

No entanto, apesar da melhora na projeção do crescimento econômico, o mercado financeiro também elevou a estimativa para a inflação oficial do país em 2023. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,92% para 4,93%. Para 2024, a estimativa ficou em 3,89%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos.

A projeção para a inflação deste ano está acima do teto da meta que deve ser perseguida pelo BC. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o superior é de 4,75%. Segundo o BC, no último Relatório de Inflação, divulgado em junho, a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta em 2023 é de 61%.

A alta da inflação tem sido influenciada pelo aumento dos preços dos combustíveis, da energia elétrica e dos alimentos. Em julho, o IPCA foi de 0,12%, segundo o IBGE. A taxa ficou acima das observadas no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%). No acumulado do ano, a inflação oficial soma 2,99%. Em 12 meses, o IPCA chega a 3,99%, acima dos 3,16% registrados até junho.

Os dados da inflação de agosto serão divulgados amanhã pelo IBGE.

Para tentar conter a alta dos preços e cumprir a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros – a Selic – definida atualmente em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em agosto deste ano, após um ciclo de elevação iniciado em março deste ano para conter as pressões inflacionárias decorrentes da retomada da atividade econômica e da alta dos custos dos insumos e das commodities no mercado internacional , o Copom reduziu pela primeira vez a Selic desde agosto do ano passado , quando a taxa caiu de 2 ,25% para 2% ao ano , em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 11,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 8,5% ao ano para os dois anos.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.

O boletim Focus é divulgado toda segunda-feira pelo BC e pode ser acessado no site da instituição. O boletim reúne as projeções dos principais indicadores econômicos do país feitas por instituições financeiras, consultorias, universidades e outras entidades. As projeções são baseadas em dados oficiais, análises de mercado e expectativas futuras. O boletim serve como referência para as decisões do governo, do BC e dos agentes econômicos.

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