Estudantes criticam novo ensino médio e temem desempenho no Enem
Os jovens expressaram sua preocupação com o impacto que a mudança curricular terá em seu futuro acadêmico
Três estudantes da rede pública de diferentes estados do Brasil que participaram do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação manifestaram sua insatisfação com o novo ensino médio que entrou em vigor no ano passado. Os jovens expressaram sua preocupação com o impacto que a mudança curricular terá em seu futuro acadêmico.
Os estudantes são Maria Eduarda Gutérres Escobar, do 2° ano do Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, em Porto Alegre, Vitória Ribeiro, do 2º ano da Escola Estadual Eudoro Villela, em São Paulo, e Maria Luiza da Silva Vasconcelos, do 2° ano da Escola de Referência em Ensino Médio Antônio Inácio, em Feira Nova, Pernambuco.
Dentre as críticas está a redução da carga horária de disciplinas básicas como português, matemática, história e geografia, que passaram a ter menos espaço no currículo em favor dos itinerários formativos, que permitem que os alunos se aprofundem nos temas de interesse. Com relação às opções de itinerários, estão a ênfase em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou no ensino técnico.
Os estudantes afirmaram que os itinerários não são bem definidos nem bem ofertados pelas redes de ensino e pelas escolas, e que eles não tiveram voz nem escolha na hora de optar por um deles. Eles também disseram que sentem falta das disciplinas básicas e que temem não estar preparados para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2024. “Vou ter que estudar por fora da escola para poder fazer o Enem”, disse Maria Eduarda.
O ministro da Educação, Camilo Santana, que também participou do congresso, afirmou que as mudanças no Enem só devem passar a valer em 2025, e que o governo vai apresentar alterações ao novo ensino médio ainda em 2023. Ele disse que a proposta foi construída após consulta pública e que visa tornar o ensino médio mais atrativo e flexível para os jovens.
Os estudantes, porém, não se mostraram convencidos com as justificativas do ministro. Eles apontaram que o novo ensino médio não leva em conta as desigualdades regionais e socioeconômicas do país e que favorece os estudantes da rede privada e da classe alta. Eles também reclamaram da falta de infraestrutura das escolas públicas, da deficiência na merenda escolar e da qualidade das aulas.
“O novo ensino médio é uma ilusão. No papel, parece uma maravilha, mas na prática é um desastre. A gente não aprende nada e ainda fica sem perspectiva de futuro. A educação pública está sendo sucateada e abandonada pelo governo”, disse Maria Luiza.