BC se preocupa com inflação e incerteza nos mercados
Essa é a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reuniu na semana passada para definir a Selic
O Banco Central (BC) está preocupado com o aumento das expectativas de inflação e com a incerteza nos mercados financeiros, que podem afetar a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic. Essa é a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reuniu na semana passada para definir a Selic.
Segundo a ata da reunião, divulgada nesta terça-feira (26), uma das razões para a preocupação dos agentes financeiros seria a política fiscal do governo, que busca equilibrar as contas públicas do país. “As expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem sendo um fator de preocupação”, diz o documento.
O Copom explica que as expectativas de inflação podem estar influenciadas por receios com a desinflação global, pela possível percepção de que o BC poderia ser mais leniente no combate à inflação e pelas dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais. “Entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal”, afirma o texto.
Para o BC, a redução das expectativas de inflação depende de uma atuação firme do Copom e do fortalecimento da credibilidade e da reputação das instituições e dos arcabouços econômicos. O Copom avalia que parte da incerteza nos mercados se refere à execução das medidas de receita e despesa compatíveis com o novo arcabouço fiscal e o atingimento das metas fiscais.
No projeto do Orçamento de 2024, o governo federal prevê zerar o déficit primário nas contas públicas, conforme estabelece o novo arcabouço fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já manifestou que o cumprimento dessa meta é um desafio, que depende do aumento da arrecadação.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, destaca o colegiado do Banco Central.
Na semana passada, o Copom decidiu manter a Selic em 14% ao ano, após nove altas consecutivas. A decisão foi tomada por unanimidade e surpreendeu o mercado, que esperava mais um aumento de 0,5 ponto percentual. O BC justificou que a manutenção da Selic foi uma medida de cautela diante do cenário complexo e incerto.