Polícia conclui inquérito sobre a morte de Marília Mendonça
Houve negligência e imprudência dos pilotos que comandavam a aeronave que caiu, matando Marília Mendonça, em 2021. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais, que realizou uma coletiva de imprensa para revelar detalhes sobre o encerramento do inquérito que apurava o acidente.
A entrevista foi comandada pelos delegados Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, além do inspetor Whesley Adriano Lopes Data.
Ivan Lopes Sales, que é delegado regional de Caratinga, falou sobre as provas que levaram a essa conclusão: “Diante de todos esses cenários, os procedimentos operacionais da aeronave não foram responsáveis. O manual de treinamento da aeronave estipula a velocidade a ser feita na perna do vento, e o que ficou evidenciado é que os pilotos ultrapassaram essa velocidade, desrespeitando o manual e saindo da zona de proteção do aeródromo. Qualquer responsabilidade cabia aos pilotos observar. Dessa forma houve negligência e imprudência”, afirmou.
E completou: “O resultado dessa investigação é com absoluto respeito a todos os familiares, de todos os envolvidos. Sabemos que foi um acidente, mas é uma missão da PCMG apurar. A investigação transcorreu, em quase 2 anos, na busca de descartar várias possíveis causas do acidente, até que se chegasse na causa fundamental da queda da aeronave. Precisávamos aguardar o laudo do Cenipa para descartar qualquer problema na aeronave. O IML também descartou qualquer problema com os pilotos, por meio dos exames. Era uma hipótese mais absurda, um atentado contra a aeronave e também foi descartado”, garantiu ele.
Sales ainda determinou: “Então, à medida em que as provas foram sendo produzidas, caminhamos para uma negligência dos pilotos”, definiu. O delegado ainda relatou que o avião se chocou com a torre e ela, de fato, não estava sinalizada, mas que isso não era obrigatório.
“Os fatores externos poderiam ter prejudicado, no entanto, não era obrigatória a sinalização. Os manuais de procedimento dessa aeronave não foram analisados pelo piloto, era dever de quem comandava a aeronave ter feito essa análise prévia. Haviam documentos que possibilitariam os pilotos de identificar essas torres, as linhas de transmissão. A aeronave também dispunha de um equipamento que emite sinais sonoros na proximidade de obstáculos, ele pode ser desligado pelos pilotos, à medida que o avião vai se aproximando do solo ele emite avisos. A aeronáutica não conseguiu chegar a essa conclusão em razão da deterioração da aeronave”, informou.
A polícia também confirmou que o piloto nunca tinha pousado naquele aeroporto antes.
Outro responsável pela investigação, o delegado Sávio Assis, relatou que os pilotos não tomaram ciência das cartas de orientação e não tiveram ciência das consequências, visto a experiência do piloto, com mais de 33 anos de carreira: “Sendo certo que todo o arcabouço produzido durante o inquérito policial, nós firmamos a convicção jurídica de que a tripulação por circunstâncias até então não justificáveis atuou com negligência e imprudência”, disse.
E continuou: “Chegamos à conclusão de que houve essa quebra do dever de cuidado objetivo. […] Houve imprudência por parte da tripulação por ter alongado a perna do vento e ter saído da zona de proteção do aeródromo. Já no ato de negligência, foi a falha da análise prospectiva na questão do plano de voo, pois tudo leva a crer que eles não tomaram ciência das cartas que previam as linhas de transmissão, bem com não seguiram os procedimentos padrões operacionais previstos para a aeronave”, declarou.
Sávio ainda determinou: “Todo crime culposo é possível de ser evitado, já que já previsibilidade”, reforçou. Ainda de acordo com os investigadores, não houve crime ambiental.
Fonte- Metrópoles