Instalação da Usina de dessalinização na Praia do Futuro terá economia de R$ 200 milhões
O projeto da usina já passou por ajustes aumentando a distância de 50 metros para 500 metros do hub de cabos de fibra óptica
A instalação da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, pode gerar uma economia de até R$ 201,5 milhões aos cofres do Ceará, em comparação com outros locais possíveis. Essa foi a estimativa apresentada pelo presidente da Companhia de Água e Esgoto (Cagece), Neuri Freitas, durante um seminário que discutiu a coexistência entre o equipamento e os cabos submarinos de telecomunicações que passam pela região.
O evento, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiec) contou com a participação de representantes do governo estadual, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de empresas de telecomunicações e de entidades da sociedade civil. Foi criado um Grupo de Trabalho Técnico (GTT), coordenado pela Fiec, para encontrar uma solução para o impasse em até 30 dias.
O projeto da usina de dessalinização, que visa garantir o abastecimento de água para a Região Metropolitana de Fortaleza, enfrenta resistências das empresas de telecomunicações, que alegam haver riscos de impactos no funcionamento do hub de cabos de fibra óptica, que conecta o Brasil com outros continentes. O equipamento tem um investimento total estimado em R$ 518,6 milhões e uma capacidade de produção de 1 m³/s de água potável, atenderá 720 pessoas diminuindo a dependência hídrica da capital.
Segundo Freitas, a Cagece já fez uma alteração no projeto original para afastar a captação da água do mar dos cabos submarinos, aumentando a distância de 50 metros para 500 metros. Essa mudança custou cerca de R$ 40 milhões a mais ao plano inicial. Ele afirmou que essa medida já eliminou o risco de perturbações subaquáticas e que não há motivos para preocupação com os efeitos sobre o solo durante as atividades da usina.
“É perfeitamente possível convivermos com cabos, água, esgoto, gás, energia e drenagem”, disse Freitas, acrescentando que a Cagece tem experiência em operar simultaneamente com redes de diversos serviços para a população. Ele também descartou a hipótese levantada sobre os ruídos gerados pela usina. “A tecnologia é usada para evitar barulhos e para um ambiente de convivência com a sociedade”, afirmou.
Freitas apresentou um comparativo orçamentário que mostrou que mudar a usina de dessalinização para o Cumbuco ou para a Sabiaguaba custaria R$ 720,1 milhões e R$ 656 milhões, respectivamente. Ele argumentou que esses locais também exigiriam o cruzamento dos cabos submarinos para trazer a água para Fortaleza, mantendo a mesma discussão.
O conselheiro da Anatel, Vicente Aquino Neto, reconheceu que o ajuste feito pela Cagece já sinaliza uma condição de atender a perspectiva das operadoras e da Anatel em relação à questão marítima. No entanto, ele disse que ainda há uma preocupação com a questão terrestre, de passar sobre os cabos. Ele disse que só o estudo poderá confirmar ou descartar essa possibilidade.
Aquino Neto disse que o grupo de trabalho será independente, mas poderá contribuir com o estudo que está sendo realizado pela Anatel. Ele descartou a intenção de judicializar o caso se não houver um consenso. Ele também disse acreditar na coexistência dos dois projetos, que são importantes para o desenvolvimento econômico e social do estado.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, elogiou a qualidade do debate e disse que há mais pontos de convergência do que de divergência entre as partes envolvidas. Ele destacou a importância de discutir uma solução para serviços essenciais para a economia e para a sociedade. Ele disse que o grupo de trabalho vai se reunir periodicamente para apresentar um parecer técnico em até 30 dias.4de10