Desenvolvimento infantil é afetado por fatores sociais, aponta estudo
O risco é maior entre as crianças de famílias pobres, com insegurança alimentar e com mães com baixa escolaridade
Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde e pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal revelou que uma em cada 10 crianças até 3 anos no Brasil tem risco de baixo desenvolvimento. O risco é maior entre as crianças de famílias pobres, com insegurança alimentar e com mães com baixa escolaridade.
O estudo faz parte do Projeto Pipas – Primeira Infância Para Adultos Saudáveis, que avaliou as habilidades e os comportamentos de 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais, incluindo o Distrito Federal, em 2022. Foram considerados quatro domínios: motor, cognitivo, linguagem e socioemocional.
A coordenadora de Saúde da Criança e do Adolescente, Sônia Venâncio, afirmou que os dados confirmam a influência das condições socioeconômicas sobre o desenvolvimento infantil. Ela disse que os resultados podem ajudar a melhorar as políticas públicas voltadas para a primeira infância.
“Esse conjunto de resultados pode nos ajudar a aprimorar as ações que a gente vem desenvolvendo na saúde, na educação e na assistência social, visando a melhorar o desenvolvimento infantil. E reafirma o impacto das desigualdades sociais no desenvolvimento das crianças”, destacou.
Segundo o estudo, 10,1% das crianças menores de 3 anos e 12,8% das crianças maiores de 3 anos têm risco de não atingir seu pleno potencial de desenvolvimento. O risco é maior entre as crianças de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda (14,4%), famílias em insegurança alimentar (13%) e famílias onde as mães têm até quatro anos de estudo (16%).
O estudo também mostrou que as crianças que frequentam creche ou pré-escola têm menor risco de baixo desenvolvimento (8,9%) do que as que não frequentam (11,7%). Além disso, as crianças que recebem estimulação adequada em casa, como brincadeiras, leitura e conversas, têm melhor desempenho nos quatro domínios avaliados.
O Projeto Pipas tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento das crianças até os 18 anos e identificar os fatores que influenciam sua saúde física e mental ao longo da vida. Os dados coletados servirão para subsidiar a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância.4de10