Desemprego no Brasil tem a menor taxa desde 2015, aponta IBGE
A taxa de desemprego caiu de 8% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre
O mercado de trabalho brasileiro mostrou sinais de recuperação no terceiro trimestre deste ano, com a queda da taxa de desemprego e o aumento da população ocupada. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego caiu de 8% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre. É o menor nível desde o último trimestre de 2015, quando era de 6,6%.
A população desempregada, que são as pessoas que procuraram trabalho sem encontrar, somou 8,3 milhões no terceiro trimestre, uma redução de 3,8% em relação ao trimestre anterior e de 12,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já a população ocupada, que são as pessoas que têm um trabalho formal ou informal, atingiu 99,8 milhões no terceiro trimestre, um aumento de 0,9% em relação ao segundo trimestre e de 0,6% em relação ao terceiro trimestre de 2022. É também o maior contingente da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
O nível de ocupação, que é a proporção de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais), foi estimado em 57,1%, um crescimento ante o segundo trimestre (56,6%) e uma estabilidade em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
“Temos simultaneamente um número maior de pessoas ocupadas e um recuo da pressão no mercado de trabalho [ou seja, um número menor de pessoas procurando emprego]. Isso contribui para uma queda consistente dessa taxa de desocupação”, explicou a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy.
Informalidade e carteira assinada
A pesquisa também mostrou que os trabalhadores informais somaram 39 milhões de pessoas no terceiro trimestre deste ano, o que representa 39,1% do total da população ocupada. A taxa de informalidade ficou estável em relação ao segundo trimestre (39,2%) e teve uma leve queda na comparação com o terceiro trimestre do ano passado (39,4%).
Os trabalhadores informais são aqueles que não têm carteira assinada, são empregados domésticos sem carteira, empregadores ou trabalhadores por conta própria sem CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) ou trabalhadores auxiliares familiares.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado – sem considerar os trabalhadores domésticos – era de 37,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 1,6% em relação ao segundo trimestre e de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse é também o maior contingente desde janeiro de 2015 (37,5 milhões).
Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,3 milhões) ficou estável tanto no trimestre quanto no ano.
“Dada uma queda muito acentuada na demanda por bens e serviços na pandemia, as atividades consideradas formais, como a indústria e os serviços de maior valor agregado, suprimiram muito a absorção de trabalhadores”, disse Adriana Beringuy. “À medida em que o cenário vai se normalizando [no pós-pandemia], essas atividades mais formais têm sua demanda aquecida e voltam a contratar”, avaliou.
Os trabalhadores por conta própria ficaram em 25,5 milhões de pessoas no terceiro trimestre deste ano, total também estável nas duas comparações. Outro segmento que manteve estabilidade foi o de trabalhadores domésticos: 5,8 milhões de pessoas.
Setores e rendimentos
Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o setor que mais cresceu em número de pessoas ocupadas foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com alta de 3,5%. Os demais setores não apresentaram variação significativa.
Já na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, os setores que mais se destacaram foram os de transporte, armazenagem e Correios (4,3%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (5,2%) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,9%).
Houve recuo no número de pessoas ocupadas nos setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-3,8%) e outros serviços (-4,5%).
O rendimento médio real habitual do trabalhador (R$ 2.982) subiu 1,7% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre e 4,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento foi puxado principalmente pelos crescimentos dos salários da indústria (5,3% no trimestre e 6,3% no ano).
A massa de rendimento real habitual, que é a soma dos rendimentos de todos os trabalhadores ocupados, chegou a R$ 293 bilhões no terceiro trimestre deste ano, valor recorde da série histórica da pesquisa. O indicador teve altas de 2,7% ante o segundo trimestre deste ano e de 5% na comparação com o terceiro trimestre de 2022.7de10