A violência armada no Brasil
O Brasil vem gastando cada vez menos com internações de vítimas de armas de fogo. De acordo com o Instituto Sou da Paz, foram R$ 41 milhões no ano passado, contra R$ 75,8 milhões em 2014, pico do dispêndio do Sistema Único de Saúde (SUS) com esse tipo de tratamento hospitalar.
Apesar de a tendência de queda trazer esperanças, os impactos da violência armada no país ao longo do tempo são cruéis. Nos últimos 15 anos, as hospitalizações de baleados custaram aos cofres públicos R$ 886 milhões, o equivalente quase um terço do orçamento previsto para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço do ano que vem, de acordo com a PLOA enviada ao Congresso.
Somente os custos das 17,1 mil internações em 2022 seriam suficientes para a realização de 1 milhão de mamografias no Brasil, ferramenta essencial para identificar e garantir tratamento em tempo hábil para o câncer que mais mata mulheres no Brasil, o de mama.
Além disso, cada internação de vítimas da violência armada no ano passado é 3,2 vezes o valor do investimento per capita no SUS. Uma distorção difícil de se corrigir e que aprofunda os desafios à sustentabilidade do sistema de saúde pública nacional. Há que se observar que as vítimas fatais, quando mortos na rua, não entram nas estatísticas de atendimento, e sim do IML, e dessa forma, se pode dizer que os gastos diminuíram; a violência não.