Brasileiros que deixaram Gaza viveram momentos de tensão e angústia
Eles atravessaram a fronteira de Rafah para o Egito, onde passaram a noite, e embarcam nesta segunda-feira (13) para Brasília, em um avião da Presidência da República
Um grupo de 32 pessoas, entre brasileiros de nascimento, palestinos naturalizados brasileiros e familiares próximos, conseguiu deixar a Faixa de Gaza após um mês de agonia em meio ao conflito entre o Hamas e Israel. Eles atravessaram a fronteira de Rafah para o Egito, onde passaram a noite, e embarcam nesta segunda-feira (13) para Brasília, em um avião da Presidência da República.
O grupo, formado por 17 crianças, nove mulheres e seis homens, vivenciou momentos de tensão, angústia e terror durante a jornada de repatriação, que começou no dia 7 de outubro, logo após o atentado do Hamas a Israel. Eles tiveram que esperar a inclusão na lista de pessoas autorizadas a sair de Gaza, o que só ocorreu na sétima lista.
Mesmo assim, eles ainda enfrentaram o fechamento da fronteira de Rafah, que foi alvo de ataques a ambulâncias, que deixaram vários palestinos mortos e feridos. A fronteira permaneceu fechada por vários dias por razões de segurança, impedindo a saída dos brasileiros e demais estrangeiros.
Na sexta-feira (10), a situação se agravou com os ataques aéreos de Israel, que atingiram ao menos três hospitais em Gaza, onde estavam os feridos que precisavam ser transferidos para o Egito. Autoridades palestinas disseram que um bebê morreu e dezenas de outros pacientes estavam em risco devido ao cerco israelense.
Com o fechamento, os brasileiros tiveram que retornar aos abrigos, até que a autoridade da fronteira de Gaza anunciasse que a passagem terrestre de Rafah para o Egito seria reaberta neste domingo para quem tem passaporte estrangeiro.
Foram momentos de frustração desde o início do périplo dos brasileiros, logo após o Exército israelense anunciar intensa incursão terrestre e determinar o êxodo dos palestinos do norte de Gaza, habitada por mais de 1 milhão de habitantes, para o Sul, no dia 13 de outubro. No dia seguinte, uma parte dos brasileiros, que estavam abrigados em uma escola da Cidade de Gaza, iniciaram a jornada para Rafah.
O governo brasileiro já havia mandado, no dia 12 de outubro, uma aeronave VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República para resgatar brasileiros.
Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que havia entrado em contato com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, a fim de garantir uma passagem humanitária para os brasileiros fazerem a travessia entre Gaza e o Egito, a partir de onde seria mais viável permitir um retorno seguro.
O conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 12 mil mortos, dos quais cerca de 1.200 israelenses e 11 mil palestinos, sendo quase 70% mulheres e crianças. A comunidade internacional tem feito apelos por um cessar-fogo imediato e duradouro.3de10