Empresa vai criar porcos transgênicos para usar seus órgãos em transplantes

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Porcos geneticamente modificados podem ser solução para a doação de órgãos, diz especialista em xenotransplantes.

Criar porcos transgênicos para aumentar a disponibilidade de órgãos para transplantes em humanos. Esse é o objetivo de uma empresa paulista e do Instituto de Zootecnia (IZ/APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, que assinaram um acordo para pesquisa, desenvolvimento e inovação para a produção de suínos com esta finalidade. Através da parceria, o IZ, do governo, vai ceder o laboratório para pesquisas da Xenobrasil.

O xenotransplante clínico é um termo técnico que define o transplante de órgãos entre espécies diferentes e os suínos têm sido utilizados para várias cirurgias do tipo, graças à baixa rejeição que causam, por possuírem fisiologia semelhante à dos humanos. Estudos conseguiram modificar seu genoma (sequência dos genes de um ser vivo), aumentando as possibilidades de uso de órgãos e tecidos destes animais como doadores para seres humanos, contribuindo assim com a manutenção da vida.

Silvano Raia, médico pioneiro no transplante de fígado na América Latina, explica que o organismo dos suínos é o que mais se assemelha ao do humano. “A viabilização para transplantar coração, rim, córnea e pele é uma realidade, e os estudos tendem a incluir pulmão e fígado”, diz.

Para o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Carlos Nabil Ghobril, esse é um marco para o IZ. “Para nós, a utilização de um laboratório com uma nova linha de pesquisa atende ao nosso escopo, conjuntamente com outra vertente que vai abrir muitas possibilidades para a APTA”, relata.

O diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, conta que os estudos que realizam com animais não eram para xenotransplantes e, agora, essa oportunidade colocará o Instituto em outro patamar. “Pela inovação da pesquisa a ser conduzida nessa área, tomaremos um caminho diferente, com a contribuição dos nossos pesquisadores e técnicos que vão somar conhecimento à medicina”, enfatiza.

Para a pesquisadora científica, Diretora do Núcleo Regional de Pesquisa de Tanquinho, de Piracicaba, Simone Raymundo de Oliveira, esse é o novo rumo a seguir. “É uma mudança total dentro da APTA, na zootecnia, porque não temos, até o momento, nenhum tipo de trabalho que envolva nossa atuação na produção de animais que vão servir para doação de órgãos, com a integração de diversos setores, com vários profissionais e suas expertises na geração de conhecimento numa área diferenciada da zootecnia. Eu chamo este projeto de produção de vida para vidas”, comemora.

A previsão é de que os animais cheguem ao IZ em fevereiro de 2024, quando as instalações estiverem com as obras concluídas.

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