Saiba como o calor excessivo altera o metabolismo e como se proteger
A desidratação pode causar sintomas como sede, boca seca, dor de cabeça, tontura, fraqueza, cansaço e até confusão mental
O verão está chegando e com ele as altas temperaturas que podem afetar a saúde da pele e do organismo. Segundo a médica Marcela Benez, coordenadora do Departamento de Cirurgia e Oncologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD-RJ), o calor excessivo pode causar desidratação, queimaduras solares e até câncer de pele, se não houver cuidados adequados.
Marcela explicou que as mudanças bruscas de temperatura verificadas nos últimos dias no país alteram muito o metabolismo do corpo humano. “O calor faz com que a gente perca mais água e sais minerais pelo suor, o que pode levar à desidratação, que é a perda excessiva de líquidos e eletrólitos. A desidratação pode causar sintomas como sede, boca seca, dor de cabeça, tontura, fraqueza, cansaço e até confusão mental”, disse.
Além disso, o calor excessivo pode provocar queimaduras solares, que são lesões na pele causadas pela radiação ultravioleta do sol. “As queimaduras podem ocorrer em quem está exposto diretamente ao sol na face e onde a roupa não cobre. É importante sempre fazer uso de filtro solar antes de sair de casa, usar roupas mais frescas e fazer reposição de água e outros meios de hidratação ao longo do dia”, recomendou Marcela.
A médica alertou também para o risco de câncer de pele, que é o tipo mais comum de câncer no Brasil e no mundo. Segundo ela, o câncer de pele aparece com o acúmulo de fotoexposição ao longo da vida e devido a queimaduras solares. “A queimadura feita na infância vai gerando alteração no DNA da célula, e isso vai se acumulando ao longo da vida. É uma exposição mais prolongada. Não é de imediato, mas várias exposições podem ser fator de risco”, explicou.
De acordo com a médica o câncer de pele pode começar a surgir no adulto jovem e na pessoa idosa, dependendo da intensidade e da frequência da exposição ao sol. “Tem pessoas com 30 e poucos anos e até com 20 e poucos anos com câncer de pele, resultado de grande exposição ao sol desde crianças. A queimadura solar que faz eritemas e bolhas na pele vai gerando isso no futuro, na idade mais adulta”, afirmou.
Ressaltou ainda que algumas doenças podem ser agravadas pelas temperaturas elevadas, especialmente as fotossensibilizantes, como lúpus e a dermatomiosite, que são autoimunes. “São agravadas diretamente pelo sol e pelo calor”. Também a dermatite atópica (doença crônica e hereditária que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira) pode ficar um pouco descontrolada.
Para se proteger dos efeitos nocivos do calor e do sol, a dermatologista recomendou que as pessoas façam a fotoproteção, que inclui o uso de chapéus, barracas na praia e piscina, roupas com fator UV de proteção, além do filtro solar, que deve ser passado na pele ainda em casa, antes da exposição ao sol, e reaplicado, em média, duas ou três horas depois, que é o tempo de duração na pele. “Com o suor, ou quando a pessoa se molha na piscina ou na praia, o protetor deve ser reaplicado”, orientou.
Marcela lembrou que o câncer de pele tem cura, se diagnosticado precocemente. Por isso, é importante fazer o autoexame da pele periodicamente e procurar um dermatologista em caso de suspeita. “Qualquer lesão que sangre, não cicatrize, mude de cor, de tamanho, de formato, ou que apareça de repente, deve ser avaliada por um médico especialista”, concluiu.