Ceará registra outubro com maior número de queimadas em 20 anos

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O Ceará registrou, em outubro, o maior número de focos de queimadas dos últimos 20 anos, conforme dados do Mapa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisados pelo OPINIÃO CE. Segundo os dados, o Estado teve o terceiro pior outubro (1.969) em termos de detecções de focos de calor da série histórica, iniciada em 1998, ficando atrás apenas dos registros de outubro de 2001 (2.051 focos) e de 2003 (2.465 focos). A escassez de chuva e as altas temperaturas estão entre os principais motivos para o alto número de focos no Ceará.

Somente nos primeiros 13 dias de novembro, conforme o Inpe, o Estado registrou 834 focos de incêndio. O dia com mais registros neste mês foi na última quinta-feira (10), com 333 casos em um intervalo de 24 horas. Ao longo deste ano, o Ceará já registra 3.986 focos de incêndio. A preocupação é constante, já que, historicamente, o maior número de casos acontece no último trimestre do ano.

Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Ceará registrou 16 picos de temperatura igual ou superior a 40ºC em outubro, e praticamente não teve precipitação – com registros de chuvas entre 1 e 10 milímetros em algumas áreas do Litoral de Fortaleza, do Maciço de Baturité e do Cariri. O tempo quente, seco e ventoso, característico nesta época do ano, favoreceu a propagação do fogo na vegetação, proporcionando, em alguns casos, eventos de incêndios florestais.

Os valores mais expressivos foram registrados nos municípios de Barros (41,9ºC), Jaguaribe (41,5ºC) e Crateús (40,8ºC). Para Frank Baima, pesquisador da Funceme, o uso de dados de todos os satélites pode levar à superestimativa do número de focos de calor. “Isso ocorre porque um episódio de queimada pode ser detectado por vários satélites em horários de passagem diferentes, especialmente se a queimada for de grande proporção e longa duração, como um evento de incêndio florestal, por exemplo”, comenta.

ALERTA

O Ceará conta com um grupo de Contingência Estadual, colegiado interinstitucional que monitora a situação hídrica dos municípios cearenses e adota medidas para mitigar os efeitos da estiagem. Em outubro, o grupo realizou reunião especial com foco nos altos índices de calor e nos incêndios florestais que atingem o Ceará.

“A reunião foi elaborada através do diagnóstico da Funceme, que identificou ondas de calor no Estado e um possível El Niño para o próximo ano. Então, precisamos unir nossas forças e já garantir ações que reduzam os dados para a população e para as florestas. O grupo vai elaborar medidas emergências e um plano para conter esses desastres no futuro próximo”, disse o assessor especial para Assuntos Municipais da Casa Civil, Artur Bruno, ex-secretário do Meio Ambiente do Ceará. A reunião englobou os principais órgãos estaduais e federais ligados à proteção ambiental e segurança hídrica para buscar ações de prevenções no combate aos incêndios.

“Precisamos montar um sistema informatizado de integração entre os municípios e instituições do Ceará e um Plano de Contingência e Brigada de Incêndio alinhado com os municípios, e vamos poder contar com os cientistas chefes da UFC, através da Funcap, para fazer essa automatização, o que seria um grande avanço para o Ceará”, defendeu, na oportunidade, o coronel Haroldo Gondim, coordenador Estadual da Defesa Civil.

SUPER EL NIÑO

A principal preocupação hoje das autoridades ambientais cearenses é o chamado “Super El Niño” – associado à diminuição do volume das chuvas – que pode causar uma forte escassez hídrica para o Estado já no próximo ano. Nesta semana, em reunião na Assembleia Legislativa, o secretário estadual dos Recursos Hídricos no Ceará, Robério Monteiro, apresentou o Relatório de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado nos primeiros três trimestres de 2023 e demonstrou preocupação com o fenômeno. Segundo ele, o Sistema Estadual de Recursos Hídricos trabalha para tentar garantir que o bom aporte da quadra chuvosa de 2023 garanta uma segurança hídrica para 2024, mesmo em caso de chuvas abaixo da média.

“Nós tivemos uma recarga de água dos reservatórios muito boa. Além disso, em 2023, nós priorizamos alguns grandes projetos, como o Eixão das Águas, que teve mais de R$ 1 bilhão investido e que vai trazer mais água para a Região Metropolitana de Fortaleza [RMF] e Porto do Pecém”, disse. “Nós também licitamos o terceiro lote do Cinturão das Águas [CAC], que já está com 75% do projeto pronto e que terá a sua conclusão até 2024”, completou.

ONDA DE CALOR

Durante esta emana, o Ceará e outros estados brasileiros vivem mais uma onda de calor que alerta para cuidados a serem tomados com a saúde, principalmente, de idosos e crianças. A previsão da Funceme é de que as máximas continuem em torno dos 39ºC. Até quarta-feira (15), a expectativa é de céu com poucas nuvens ao longo do dia, situação que pode intensificar os efeitos do calor. O OPINIÃO CE conversou com a pediatra Gerly Anne Nóbrega, que destacou as principais recomendações para este período. Segundo a médica, ações como beber muito líquido e ter cuidado ao se expor ao sol são as principais orientações. As instruções têm como meta impedir complicações que podem variar tanto em grau como em suas formas de atuação, sendo diretas ou indiretas. Confira aqui a entrevista completa.

Fonte- Opinião Ceará

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