Americanas registra prejuízo histórico de R$ 19,1 bilhões após fraudes contábeis
A empresa entrou em recuperação judicial em 19 de janeiro, com dívidas declaradas de R$ 49,5 bilhões
A rede varejista Lojas Americanas revelou que teve um prejuízo líquido de R$ 19,1 bilhões nos anos de 2021 e 2022, após a descoberta de fraudes contábeis que inflaram os lucros da empresa em R$ 25,3 bilhões. Esse é o maior prejuízo anual já registrado pela companhia, que está em recuperação judicial desde janeiro deste ano.
Segundo o balanço revisado, a empresa teve um prejuízo de R$ 6,2 bilhões em 2021, revertendo o lucro de R$ 544 milhões que havia sido divulgado anteriormente. Em 2022, o prejuízo foi de R$ 12,9 bilhões, o que representa uma queda de 2.367% em relação ao resultado de 2021.
A divulgação dos resultados era uma condição para que o plano de recuperação judicial da empresa pudesse ser votado pela assembleia de credores, que está prevista para ocorrer na terceira semana de dezembro. A empresa entrou em recuperação judicial em 19 de janeiro, com dívidas declaradas de R$ 49,5 bilhões. Uma semana antes, o então CEO da companhia pediu demissão ao descobrir “inconsistências contábeis” em torno de R$ 20 bilhões.
As fraudes contábeis foram apontadas por assessores jurídicos envolvidos no plano de recuperação judicial, que afirmaram que as gestões anteriores maquiaram os lucros das Lojas Americanas em R$ 25,3 bilhões. O valor se refere a vários anos, mas a empresa não informou por quantos anos perdurou a manipulação dos números.
Os novos balanços, no entanto, não foram aprovados pela firma de auditoria BDO, contratada em junho para auditar a contabilidade das Lojas Americanas. Em relatório anexo aos resultados, os auditores informaram não expressar opinião sobre as demonstrações contábeis porque “não nos foi possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião de auditoria sobre essas demonstrações contábeis individuais e consolidadas”.
Entre os principais questionamentos da BDO estão o teste de valor recuperável dos ativos, que, segundo os auditores, não se baseou em premissas que não considerassem as inconsistências contábeis. A BDO substituiu a PwC, responsável por auditar os balanços anteriores das Lojas Americanas.
Em fevereiro, a Agência Brasil mostrou como a antecipação de vencimentos de contratos com fornecedores pode estar por trás do esquema de fraudes contábeis. Advogados envolvidos no caso apontaram falhas em bancos que descontavam duplicatas e em empresas de auditoria e pediram mudanças na Lei de Recuperação Judicial para distinguir gestão fraudulenta de crise comum.1de10