Mercado de orgânicos cresce no Brasil, mas enfrenta desafios

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Uma pesquisa mostrou que as vendas de produtos orgânicos no país aumentaram quatro vezes entre 2003 e 2017, e 30% em 2020, movimentando R$ 5,8 bilhões

O consumo e a produção de alimentos orgânicos no Brasil estão em alta, segundo uma pesquisa realizada por cientistas da UFRGS e da UTFPR. O estudo, publicado na revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, analisou dados do Censo Agropecuário, do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, da Associação de Promoção dos Orgânicos e do Sebrae, e mostrou que as vendas de produtos orgânicos no país aumentaram quatro vezes entre 2003 e 2017, e 30% em 2020, movimentando R$ 5,8 bilhões. Além disso, o número de produtores de orgânicos cadastrados cresceu 75% em quatro anos.

Os alimentos orgânicos são aqueles produzidos sem o uso de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, transgênicos ou hormônios. Eles são considerados mais saudáveis, sustentáveis e éticos, pois respeitam o meio ambiente, os animais e os trabalhadores rurais. O Brasil é um dos principais mercados de orgânicos do mundo, e também importa produtos de 23 países, como amaranto, quinoa, damasco e azeite de oliva.

No entanto, a pesquisa também apontou que há falhas no levantamento de dados sobre o cultivo de orgânicos no país, o que dificulta o planejamento e a avaliação das políticas públicas para o setor. Segundo o estudo, apenas 1,28% das áreas de cultivo no Brasil são de propriedades com agricultura orgânica, sendo que 30% delas estão no Sudeste. A maioria dos estabelecimentos orgânicos se dedica à produção vegetal, seguida pela produção animal e pela produção mista.

A pesquisadora da UFRGS Andreia Lourenço disse que a oferta de orgânicos ainda não está bem esclarecida, e que há uma tendência de aumento da demanda, mas que a produção não suprirá essa demanda. Ela também disse que não está claro quais são os produtos mais demandados pelos consumidores. Para ela, é preciso abrir mais espaços de participação na sociedade para construir políticas públicas adequadas para os diferentes contextos existentes no Brasil.

Carla Guindani, da empresa Raízes do Campo, que atua no setor de orgânicos da agricultura familiar, afirmou que é necessário que haja investimentos nesse setor, principalmente para o desenvolvimento de tecnologias para produção de sementes, que são a base de todo o processo.

Ela também destacou a importância do acesso a bioinsumos, maquinários adequados e da certificação de alimentos orgânicos, que hoje é um processo caro e burocrático. Ela ainda citou a logística e a comercialização como desafios para o mercado de orgânicos, que precisa de mais eficiência e compreensão do varejo.

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