Pesquisa da Unesco revela insatisfação com o Novo Ensino Médio

Foto: Arquivo/Agência Brasil
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A pesquisa entrevistou 2,4 mil pessoas entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023 e divulgou parte dos resultados nesta segunda-feira (18)

Uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostrou que a maioria dos estudantes, professores e gestores de escolas públicas estaduais que começaram a implementar o Novo Ensino Médio em 2022 está insatisfeita com o novo modelo. A pesquisa entrevistou 2,4 mil pessoas entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023 e divulgou parte dos resultados nesta segunda-feira (18).

De acordo com a pesquisa, 56% dos estudantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores disseram estar insatisfeitos com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio, que prevê uma parte comum a todos os estudantes do país, baseada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e outra parte em que os alunos podem escolher um itinerário formativo entre as áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico.

A pesquisa também revelou que há um descompasso entre o que os estudantes querem e o que as redes de ensino oferecem. Segundo os dados, 86% dos estudantes elegeram a Formação Técnica e Profissional como uma das áreas de seu interesse, mas apenas 27% dos gestores informaram ofertar disciplinas ou cursos deste tipo em suas escolas.

Os gestores apontaram como principais desafios para a implementação do Novo Ensino Médio a formação continuada para docentes e gestores (74%), a adequação da infraestrutura (67%) e a obtenção de apoio técnico e aquisição e elaboração de material didático (67%). Os professores, por sua vez, consideraram a formação que receberam inadequada, tanto para implementar a BNCC (59%) quanto para implementar os itinerários formativos (64%).

A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, afirmou que a pesquisa foi feita para subsidiar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e dos estados. Ela defendeu que é preciso avaliar e melhorar o modelo, levando em conta a voz dos estudantes, dos professores e dos gestores.

“Eu acho que essa pesquisa traz justamente isso, subsídios para melhorar. Não é porque implementou e se gastou muitos recursos para implementar dessa forma que não se pode mudar. Tem que ir avaliando e ir melhorando”, disse.

Ela ressaltou que o Novo Ensino Médio é um tema sensível e que envolve uma disputa política, mas que é preciso pensar nos jovens e nos profissionais que estão envolvidos no processo.

“Para além da disputa política que a gente vê em cima do tema, temos que ver que são estudantes, são os nossos jovens, e é a vida deles que está em jogo, e a dos profissionais, dos docentes e gestores. É importante trazer a voz deles nesse momento”, concluiu.

O relatório final da pesquisa deverá ser concluído em janeiro de 2024. O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, está sendo novamente discutido no Congresso Nacional e poderá ser votado pela Câmara dos Deputados esta semana.

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