Seca histórica afeta a Bacia Amazônica e ameaça a biodiversidade
Além disso, uma onda de calor recorde elevou as temperaturas na região, agravando a situação
A Bacia Amazônica, que abrange nove países da América do Sul, enfrenta uma das piores secas dos últimos 40 anos. Segundo um estudo do Centro Científico da União Europeia, os volumes de chuva entre julho e setembro de 2023 foram os menores desde 1982, quando começaram os registros. Além disso, uma onda de calor recorde elevou as temperaturas na região, agravando a situação.
De acordo com o estudo, todos os países da Bacia Amazônica registraram chuvas abaixo da média histórica no período analisado. No Amazonas, por exemplo, as chuvas variaram de 100 a 350 milímetros abaixo do normal, o que corresponde a cerca da metade do esperado para a região.
O estudo também confirmou que, de agosto a novembro, uma série de ondas de calor elevou a temperatura para uma marca recorde nessa época do ano. As máximas nesses meses ficaram de 2 graus Celsius (°C) a 5°C acima da média histórica.
A combinação de seca e calor afetou os rios e a biodiversidade da Bacia Amazônica, especialmente nas cabeceiras dos rios Solimões, Purus, Juruá e Madeira, todos na região centro-sul do estado do Amazonas, até os países mais ao sul da floresta, Peru e Bolívia.
Segundo o boletim de estiagem mais recente, divulgado pelo governo do Amazonas, no último sábado (23), todos os 62 municípios do estado continuam em situação de emergência, sendo mais de 630 mil pessoas afetadas pela seca até o momento.
Entre os principais problemas agravados pelo clima deste ano, o centro científico aponta: o perigo à vida dos animais, que sofrem com a falta de água e alimento; o aumento do risco de incêndio, que pode destruir grandes áreas de floresta; e os níveis fluviais mais baixos, que desafiam a mobilidade nas comunidades ribeirinhas e o acesso a bens essenciais, como saúde, educação e energia.
O estudo da União Europeia ainda sugere a necessidade de uma resposta regional abrangente, para além das fronteiras nacionais, para enfrentar a crise hídrica na Bacia Amazônica. As previsões indicam que as condições mais secas e quentes devem prosseguir em 2024, principalmente por causa da continuidade do El Niño, que é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico.
O estudo recomenda que os países da região fortaleçam a cooperação e o intercâmbio de informações, além de implementarem medidas de adaptação e mitigação dos efeitos da seca, como o uso racional da água, a proteção dos ecossistemas e a prevenção de incêndios.