Bio-Manguinhos se prepara para ser referência em vacinas na América Latina

Foto: Fernando Brito/MS
Compartilhe

O instituto vai integrar uma rede formada pela Organização das Nações Unidas (ONU)

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2024 – O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, Bio-Manguinhos, está prestes a se tornar um laboratório de prontidão para produção de vacinas em situações de emergência sanitária. O instituto vai integrar uma rede formada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que poderá acioná-lo para fornecer vacinas para outros países, especialmente na América Latina, em caso de epidemia ou pandemia. Os termos de cooperação devem ser assinados em breve, segundo o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma.

“O ano de 2023 foi o mais marcante dos últimos anos, porque nós temos sido muito procurados, não só nacionalmente, mas internacionalmente, com a visibilidade que nós temos hoje. Para dar apoio internacional, para cumprir essa lacuna que tem de falta de vacinas no mundo”, explica Zuma.

O instituto é o principal produtor de vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e já fornece imunizantes para mais de 70 países em cooperação com a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Com a associação à rede da ONU, Bio-Manguinhos espera ampliar sua capacidade de produção e atender às demandas globais por vacinas.

Mas essa não é a única grande expectativa do instituto para 2024. Ainda no primeiro semestre, deve começar a fase de testes clínicos da vacina contra a covid-19 em plataforma de RNA mensageiro, desenvolvida pelo próprio Bio-Manguinhos. Essa é a mesma plataforma utilizada na vacina da Pfizer e consiste na produção de uma cópia sintética de parte do código genético do agente infeccioso. Quando essa molécula sintética é injetada no organismo, ativa o sistema imunológico, mesmo sem possuir nenhum fragmento real do causador da doença. Sua principal vantagem é a facilidade de adaptação da plataforma básica para combater agentes diferentes.

Os testes em animais já foram feitos e tiveram excelentes resultados, segundo Zuma. Ele acredita que o domínio dessa tecnologia seja uma alavanca para o futuro:

“É a nossa vacina base (a vacina para a covid-19). Com essa vacina, a gente vai já trabalhando em outras iniciativas, na mesma plataforma. A de vírus sincicial respiratório é uma delas. Eu acho que com a primeira vacina avançando bem, a gente vai poder acelerar vários outros projetos nessa plataforma. Esse projeto conversa com a questão da gente ser um laboratório de prontidão regional. (…) Você escolhendo a sequência genética do vírus, rapidamente você consegue fazer um protótipo e fazer o estudo clínico dele. Então é muito rápido”, afirma.

Há também outras duas vacinas de destaque em desenvolvimento no instituto, mas ainda no estágio de prova de conceito, quando os pesquisadores verificam, a partir de testes em animais, se o imunizante produz resposta imunológica no organismo.

Uma delas é para combater o zika vírus, que causou uma epidemia no Brasil em 2015 e 2016, e está associado à microcefalia em bebês. A outra é uma opção contra a febre amarela feita com vírus inativado, ou seja, morto. Atualmente, a vacina disponível contra a febre amarela – feita com o vírus enfraquecido – não é aplicada de maneira geral nos idosos, porque eles têm mais risco de desenvolver efeitos adversos. Essa nova vacina pode solucionar essa limitação.

Bio-Manguinhos se prepara para ser um dos principais laboratórios de vacinas da América Latina e do mundo, contribuindo para a saúde pública e a ciência brasileira.

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Skip to content