Contas externas registram menor déficit para novembro desde 2016
Na comparação com novembro de 2022, quando o déficit foi de US$ 1,674 bilhão
O Brasil reduziu o déficit em suas contas externas em novembro de 2023, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Banco Central (BC). O saldo negativo nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países, foi de US$ 1,553 bilhão, o menor valor para o mês desde 2016, quando o déficit foi de US$ 879 milhões.
Na comparação com novembro de 2022, quando o déficit foi de US$ 1,674 bilhão, houve uma queda de 7,2%. O resultado foi influenciado pelo aumento do superávit comercial, que passou de US$ 4,669 bilhões para US$ 6,673 bilhões, o maior da série histórica do BC, iniciada em 1995. Por outro lado, houve piora nos déficits em serviços, renda primária e renda secundária.
Em 12 meses encerrados em novembro, o déficit em transações correntes acumulou US$ 33,655 bilhões, o que corresponde a 1,56% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país). Esse percentual é menor do que o registrado em outubro de 2023 (1,59%) e em novembro de 2022 (2,59%).
No acumulado de janeiro a novembro de 2023, o déficit nas contas externas foi de US$ 22,200 bilhões, uma redução de 47,3% em relação aos 11 meses de 2022, quando o saldo negativo foi de US$ 42,165 bilhões.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, avaliou que as contas externas apresentam um cenário bastante robusto, com déficits decrescentes e baixos, principalmente em razão dos resultados positivos da balança comercial, que refletem o aumento das exportações e a recuperação da economia mundial.
Rocha destacou que as exportações de bens somaram US$ 28,104 bilhões em novembro de 2023, uma leve redução de 1% em relação a igual mês de 2022. Já as importações totalizaram US$ 21,431 bilhões, uma queda de 9,6% na mesma comparação.
O déficit na conta de serviços, que inclui viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros, somou US$ 3,552 bilhões em novembro, um aumento de 35% em relação aos US$ 2,631 bilhões registrados em novembro de 2022.
Rocha explicou que houve redução no déficit em transporte e viagens e aumento em aluguel de equipamentos. O déficit em transporte caiu 37,2%, de US$ 1,488 bilhão para US$ 934 milhões, devido à redução dos gastos com fretes, que acompanharam a queda dos preços internacionais e das quantidades importadas.
O déficit em viagens internacionais, que vem se recuperando gradualmente após a queda provocada pela pandemia da covid-19, recuou 17,8%, de US$ 641 milhões para US$ 527 milhões. As receitas de estrangeiros no Brasil cresceram 39,1%, de US$ 443 milhões para US$ 616 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior aumentaram 5,5%, de US$ 1,084 bilhão para US$ 1,143 bilhão.
O déficit em aluguel de equipamentos subiu 41,5%, de US$ 609 milhões para US$ 862 milhões, o que explica, em parte, o aumento do déficit na conta de serviços. Essa rubrica está associada ao aumento da atividade produtiva, que demanda mais equipamentos importados.
A renda primária, que corresponde aos pagamentos de juros e lucros e dividendos de empresas, teve déficit de US$ 4,153 bilhões em novembro, um aumento de 18,3% em relação aos US$ 3,513 bilhões de novembro de 2022. Rocha disse que esse resultado reflete o aumento dos lucros das empresas estrangeiras no Brasil, que passaram de US$ 1,8 bilhão para US$ 2,4 bilhões.
A renda secundária, que são as transferências de renda entre residentes e não residentes, como as remessas de imigrantes, teve déficit de US$ 521 milhões em novembro, um aumento de 161,8% em relação aos US$ 199 milhões de novembro de 2022. Rocha atribuiu esse resultado ao aumento das doações para organizações não governamentais (ONGs) no Brasil, que passaram de US$ 83 milhões para US$ 250 milhões.