Esponja de quitosana promete tratar candidíase de forma mais confortável e eficaz

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A esponja, que libera lentamente o medicamento clotrimazol

Uma esponja intravaginal feita de quitosana, um bio polímero natural e biodegradável, pode ser uma nova alternativa para o tratamento da candidíase vulvovaginal, uma infecção fúngica que afeta a maioria das mulheres em algum momento da vida. A esponja, que libera lentamente o medicamento clotrimazol, foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a Universidade do Porto (Portugal).

A candidíase vulvovaginal é causada pelo crescimento excessivo do fungo Candida albicans na região genital feminina. Ela provoca sintomas como coceira, ardência, inchaço, vermelhidão e corrimento vaginal branco e espesso. O tratamento convencional consiste em aplicar cremes ou supositórios intravaginais que contêm antifúngicos, como o clotrimazol. No entanto, esses métodos podem ser desconfortáveis, difíceis de aplicar e ter a eficácia reduzida por eventuais atrasos no horário de aplicação.

Para resolver esses problemas, os pesquisadores criaram uma esponja de quitosana que contém o clotrimazol em sua estrutura. A quitosana é um material poroso, derivado da quitina, que é encontrada na casca de crustáceos e insetos. A esponja é capaz de absorver o fluido vaginal e liberar o medicamento de forma gradual e prolongada, formando uma película gelatinosa que adere às paredes vaginais.

Testes in vitro
Os pesquisadores testaram a esponja in vitro, ou seja, em laboratório, usando células epiteliais vaginais humanas infectadas pelo fungo Candida albicans. Eles compararam a eficácia da esponja com o clotrimazol puro e com o gel comercial que contém o mesmo medicamento.

Os resultados mostraram que a esponja foi tão eficaz quanto o clotrimazol puro e o gel comercial na eliminação do fungo. Além disso, a esponja apresentou uma menor toxicidade para as células epiteliais vaginais, o que indica uma maior segurança para o uso clínico.
A pesquisadora Fiama Martins, do Departamento de Química da UFSCar e primeira autora do estudo, explicou que a esponja tem várias vantagens em relação aos métodos convencionais. “A esponja é mais confortável, mais fácil de aplicar, mais estável e mais duradoura. Ela também evita a perda do medicamento por escorrimento, aumentando a eficácia do tratamento”, disse.

Próximos passos
O próximo passo da pesquisa é realizar testes clínicos, ou seja, em pacientes humanos, para avaliar a eficácia, a segurança e a aceitação da esponja de quitosana no tratamento da candidíase vulvovaginal. Os pesquisadores também pretendem estudar outras formas de aplicação da esponja, como em anéis ou discos, e outras combinações de medicamentos, como antibióticos ou anti-inflamatórios.

A pesquisadora disse que ainda não há previsão para a introdução do produto no mercado, mas que espera que ele possa beneficiar muitas mulheres que sofrem com a candidíase. “A candidíase é uma doença muito comum e que afeta a qualidade de vida das mulheres. Nós queremos oferecer uma opção de tratamento mais eficaz e confortável, que possa melhorar a saúde e o bem-estar das pacientes”, afirmou.

O estudo foi publicado na revista International Journal of Pharmaceutics e pode ser lido no site.

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