Inflação fecha 2023 dentro da meta, mas pressionada por alimentos e passagens aéreas
O maior impacto veio do grupo alimentação e bebidas
O Brasil encerrou 2023 com uma inflação de 4,62%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, a inflação foi pressionada pela alta dos preços dos alimentos e das passagens aéreas, que subiram acima da média.
Em dezembro, o IPCA registrou uma variação de 0,56%, acima do resultado de novembro (0,31%). Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços no último mês do ano. O maior impacto veio do grupo alimentação e bebidas, que subiu 1,11% e respondeu por 0,23 ponto percentual da inflação do mês. Dentro desse grupo, os alimentos consumidos no domicílio tiveram alta de 1,34%, com destaque para a batata-inglesa (19,09%), o feijão-carioca (13,79%), o arroz (5,81%) e as frutas (3,37%). Segundo o IBGE, esses produtos foram afetados pelas condições climáticas desfavoráveis, que prejudicaram a produção e a oferta.
A alimentação fora do domicílio também acelerou em dezembro, com alta de 0,53%, puxada pelo aumento do preço do lanche (0,74%) e da refeição (0,48%). O gerente do IPCA, André Almeida, explicou que a alta desses itens reflete o aumento da demanda por serviços de alimentação no final do ano, além do reajuste dos custos dos insumos e da mão de obra.
O segundo maior impacto sobre a inflação de dezembro veio do grupo transportes, que subiu 0,48% e contribuiu com 0,10 ponto percentual. Dentro desse grupo, o item que mais se destacou foi o das passagens aéreas, que aumentaram 8,87% e representaram o maior impacto individual sobre o IPCA do mês, com 0,08 ponto percentual. Esse foi o quarto mês seguido de alta desse item, que reflete a maior procura por viagens aéreas no período de férias e festas de fim de ano.
Por outro lado, os combustíveis tiveram queda de 0,50% em dezembro, com destaque para o óleo diesel (-1,96%), o etanol (-1,24%) e a gasolina (-0,34%). A gasolina, que é o subitem de maior peso no IPCA, teve o terceiro mês consecutivo de queda, e ajudou a conter o resultado do índice do mês.
Os demais grupos que compõem o IPCA tiveram as seguintes variações em dezembro: habitação (0,34%), artigos de residência (0,76%), vestuário (0,70%), saúde e cuidados pessoais (0,35%), despesas pessoais (0,48%), educação (0,24%) e comunicação (0,04%). Entre os itens que tiveram alta nesses grupos, destacam-se a energia elétrica residencial (0,54%), a taxa de água e esgoto (0,85%), o gás encanado (1,25%), os eletrodomésticos (1,01%), as roupas femininas (0,82%), os artigos de higiene pessoal (0,63%) e os serviços bancários (0,54%).
No acumulado do ano, o IPCA de 4,62% foi influenciado principalmente pelos grupos alimentação e bebidas (15,02%) e transportes (4,76%), que responderam por 3,03 pontos percentuais da inflação de 2023. Dentro desses grupos, os itens que mais subiram foram o óleo de soja (103,79%), o arroz (76,01%), o leite longa vida (26,93%), as carnes (17,97%), as frutas (25,40%), o tomate (52,76%), a gasolina (5,05%), o etanol (21,15%) e as passagens aéreas (28,31%).
O gerente do IPCA atribuiu o aumento dos preços dos alimentos ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda, causado por fatores como a alta do dólar, que encareceu os insumos e estimulou as exportações, a menor produção de alguns itens, afetada pelo clima, e o aumento do consumo interno, impulsionado pelo auxílio emergencial.
Já o aumento dos preços dos transportes foi explicado pela recuperação da demanda por esse serviço, após a flexibilização das medidas de isolamento social, e pelo reajuste dos preços dos combustíveis, influenciados pela variação do petróleo no mercado internacional.
O IPCA é o índice oficial de inflação do país, utilizado como referência para a política monetária do Banco Central e para o reajuste de salários e benefícios. O índice mede a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
INPC O IBGE também divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, e que é utilizado para reajustar os benefícios da Previdência Social. O INPC registrou alta de 0,55% em dezembro, acima do resultado de novembro (0,10%). No acumulado do ano, o índice ficou em 3,71%, abaixo do registrado em 2022 (5,93%).
Em dezembro, os produtos alimentícios subiram 1,20%, e os não alimentícios, 0,35%. No acumulado do ano, os alimentos tiveram alta de 0,33%, e os não alimentos, de 4,83%. Segundo o IBGE, o resultado acumulado do ano do INPC ficou abaixo do IPCA principalmente por conta do maior peso que o grupo alimentação e bebidas tem dentro da cesta.