Remédio para câncer infantil pode entrar no SUS em 2024

Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Se aprovado, o medicamento poderá beneficiar centenas de crianças com esse tipo de tumor maligno

O medicamento betadinutuximabe (Qarziba), usado para tratar o neuroblastoma, um tipo de câncer infantil que afeta as células nervosas, pode ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2024. O laboratório farmacêutico Recordati, que produz o remédio, solicitou a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) nesta semana. Se aprovado, o medicamento poderá beneficiar centenas de crianças com esse tipo de tumor maligno.

O neuroblastoma é o terceiro tipo de câncer infantil mais comum e representa de 8% a 10% de todos os tumores infantis. A estimativa é que surjam 387 novos casos de neuroblastoma no Brasil por ano, sendo que metade deles são classificados como neuroblastoma de alto risco (HRNB). Um caso que ganhou repercussão recentemente foi o do menino Pedro, de 5 anos, filho da antropóloga Beatriz Matos e do indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022.

O Qarziba é uma imunoterapia que atua contra o antígeno GD2, uma molécula presente na superfície das células tumorais do neuroblastoma. O medicamento é indicado para pacientes a partir dos 12 meses, que já foram submetidos a quimioterapia, transplante de células tronco e terapia mieloablativa, e que tenham doença residual ou recidiva. Segundo o laboratório, o Qarziba melhora a sobrevida e reduz o risco de falha dos tratamentos anteriores.

O medicamento já é recomendado por agências internacionais de avaliação de tecnologias de saúde, como do Reino Unido, da Escócia, da Irlanda, da Bélgica, da Suécia, da Polônia, da Austrália, de Taiwan e de Hong Kong, para o tratamento do neuroblastoma de alto risco. No Brasil, o Qarziba foi aprovado pela Anvisa em 2021, mas ainda não faz parte do SUS. O tratamento só é possível na rede privada, com um custo elevado que varia de R$ 300 mil a R$ 1 milhão por paciente.

A Conitec tem o prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias, para analisar a proposta de incorporação do Qarziba ao SUS. O processo envolve a avaliação da eficácia, segurança, custo-efetividade e impacto orçamentário do medicamento, além da realização de consulta pública e audiência pública para ouvir a opinião de especialistas, pacientes e sociedade civil.

O ministério da Saúde informou que acompanha e apoia as pesquisas e os avanços tecnológicos para tratamentos que podem ser incorporados ao SUS, e que está pronto para iniciar o processo de avaliação do Qarziba, assim que a Conitec emitir seu parecer. O ministério também destacou que o SUS oferece tratamento integral e gratuito para todos os tipos de câncer infantil, com protocolos clínicos baseados em evidências científicas.

Famílias de crianças com neuroblastoma têm relatado as dificuldades de acesso ao Qarziba, e muitas vezes recorrem a campanhas de arrecadação ou à Justiça para conseguir o medicamento. A incorporação do Qarziba ao SUS pode representar uma esperança de cura para essas crianças e um alívio para seus familiares.

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