Violência contra LGBTQIA+ mata uma pessoa a cada 34 horas no Brasil, diz ONG

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O país continua sendo o mais homotransfóbico do mundo

O Brasil registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ em 2023, segundo dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga ONG LGBT da América Latina. O número pode ser ainda maior, pois 20 casos estão sob investigação. O país continua sendo o mais homotransfóbico do mundo, com uma morte a cada 34 horas.

A ONG coleta as informações sobre homicídios e suicídios dessa população há 44 anos, por meio de notícias, pesquisas na internet e relatos de familiares das vítimas. O fundador do GGB, o antropólogo Luiz Mott, criticou a omissão do governo diante desse cenário. “O governo continua ignorando esse verdadeiro holocausto que, a cada 34 dias, mata violentamente um LGBT”, afirmou.

A maioria das vítimas (67%) era de jovens entre 19 e 45 anos. O mais jovem tinha apenas 13 anos e foi morto em Sinop, Mato Grosso, após uma tentativa de estupro. As travestis e transgêneros foram as mais atingidas pela violência, com 127 mortes, seguidas pelos gays, com 118. Nove lésbicas e três bissexuais também perderam a vida.

Mott destacou que as travestis e transgêneros têm um risco 19 vezes maior de serem assassinadas do que os gays e lésbicas, pois representam apenas 1 milhão de pessoas, enquanto os gays são cerca de 10% da população brasileira, estimada em 220 milhões de habitantes. “Pela segunda vez em quatro décadas, as [mortes de] travestis ultrapassaram em número absoluto a dos gays. Isso é preocupante”, disse.

Dos 257 casos, 204 foram homicídios e 17 foram latrocínios. A ONG também registrou 20 suicídios, seis a mais do que em 2022. Quase 30% das vítimas foram mortas em suas casas, mas 40% foram mortas nas ruas ou em locais públicos. O relatório da ONG aponta que as travestis são mais vulneráveis a tiros em locais como pistas, terrenos baldios, estradas, motéis e pousadas, enquanto os gays e lésbicas são mais vítimas de facadas ou objetos domésticos, principalmente em seus apartamentos.

A violência contra as pessoas LGBTQIA+ é motivada pelo preconceito e pela discriminação, que muitas vezes são naturalizados pela sociedade e pelas instituições. A ONG defende que é preciso garantir os direitos humanos e a cidadania dessa população, além de combater a impunidade dos agressores. A ONG também ressalta a importância da prevenção ao suicídio, que pode estar relacionado a fatores como depressão, isolamento social, bullying e rejeição familiar.

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