O carnaval morreu
Na contagem regressiva para mais um carnaval, paira em Sobral uma saudade profunda dos tempos idos, de quando se fazia do período carnavalesco uma festa de congraçamento entre as famílias, os amigos e toda a gente que, ano a ano se preparava para a folia. Os dias se encontravam as noites, numa alegria que parecia não ter fim.
O carnaval sempre foi tema para músicas, poesias, muita exuberância e irreverência. Pagava-se milhões por uma fantasia, as ruas e avenidas esbanjavam ornamentos e o cheiro do lança perfume se misturava com os ares nua alegria extasiante.
Os tempos áureos do carnaval sobralense ainda vivem na memoria dos bons foliões, dos participantes de blocos, dos frequentadores de clubes, que rememoram suas fantasias, seus fetiches, suas farras e os namoricos que demoravam apenas três dias. É claro que muita gente casou depois do carnaval, desfazendo à tese do “fica” e justificando a verdadeira essência do amor.
Que pena, o carnaval dos encantos não mais existe. O que existe há algum tempo é um período tenebroso, de muita violência, droga, nudez e perversão. Os clubes fecharam, os foliões sumiram, as fanfarras emudeceram, e o que era poesia, se transformou em páginas policiais, em transtorno nos lares, em ações criminosas e overdoses.
E eis que o poeta falou: “guardai os vossos pandeiros, guardai, porque nossa escola de samba não sai”.