Professor indígena conta como a educação preserva a cultura e o território dos ye’kwana
Os ye’kwana habitam uma região de rios e florestas
Os ye’kwana são um povo indígena que vive na Terra Indígena (TI) Yanomami, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Eles compartilham esse território com os yanomami, outra etnia que tem uma língua e uma cultura diferentes. Os ye’kwana habitam uma região de rios e florestas, onde enfrentam as ameaças do garimpo ilegal e da invasão de suas terras.
Mas eles também têm uma arma poderosa para defender seu modo de vida: a educação. Uma educação indígena que valoriza os conhecimentos ancestrais e as especificidades de cada povo. Uma educação que é planejada e executada pelos próprios indígenas, com o apoio de instituições como a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Um exemplo dessa educação indígena é o professor ye’kwana Reinaldo Wadeyuna Rocha, que aprendeu a ler com uma missionária e depois se formou em licenciatura cultural indígena pela UFRR. Ele voltou para sua aldeia, Fuduuwaadunnha, na região de Auaris, e hoje ensina na escola local, que atende cerca de 200 alunos, do ensino infantil ao médio.
Reinaldo conta que a escola segue um projeto político-pedagógico elaborado pelos próprios indígenas, com base em suas demandas e realidades. “Nós não seguimos o currículo do homem branco. Nós seguimos o nosso currículo, que é a nossa cultura, a nossa língua, a nossa história, a nossa geografia, a nossa matemática”, explica.
Ele diz que a educação indígena tem como objetivo fortalecer a identidade e a autonomia dos ye’kwana, além de prepará-los para dialogar com a sociedade não indígena. “Nós queremos que os nossos alunos sejam capazes de defender os nossos direitos, de falar com as autoridades, de participar das políticas públicas, de cuidar da saúde, do meio ambiente, da nossa terra”, afirma.
Segundo dados do Censo Indígena 2022, o Brasil tem hoje mais de 3,5 mil escolas em terra indígena e mais de 3,6 mil que oferecem educação indígena. Essas escolas atendem cerca de 300 mil estudantes de mais de 200 povos indígenas, que falam mais de 150 línguas. O Inep é o órgão responsável por produzir e divulgar as informações sobre a educação indígena no país.