Sarampo avança no mundo e preocupa OMS
A entidade estima que os números sejam subestimados, pois muitos casos não são notificados
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um novo alerta sobre o avanço do sarampo no mundo e pediu mais esforços para vacinar as crianças contra a doença, que é altamente contagiosa e pode ser fatal.
Segundo a OMS, mais de 300 mil casos de sarampo foram reportados em 2023, um aumento de 79% em relação ao ano anterior. A entidade estima que os números sejam subestimados, pois muitos casos não são notificados. Em 2022, mais de 130 pessoas morreram por sarampo no mundo, um aumento de 43% em relação a 2021.
A conselheira técnica para sarampo e rubéola da OMS, Natasha Crowcroft, disse que está “extremamente preocupada” com a situação e que 2024 será um ano “bastante desafiador”. Ela alertou que mais da metade dos países do mundo estão em alto risco ou em altíssimo risco de surtos de sarampo até o final do ano.
A OMS atribui o aumento de casos de sarampo à baixa cobertura vacinal, que foi afetada pela pandemia de covid-19. A entidade estima que 142 milhões de crianças no mundo estejam vulneráveis ao sarampo por não terem sido vacinadas, sendo que 62% delas vivem em países de baixa e média renda, onde o acesso aos serviços de saúde é mais limitado.
Crowcroft disse que é preciso alcançar uma cobertura vacinal de 95% para prevenir que casos de sarampo aconteçam e que é necessário investir em sistemas de vigilância e resposta rápida aos surtos. Ela também pediu que as pessoas que viajam para áreas de risco verifiquem seu status vacinal e que as gestantes evitem contato com pessoas com sintomas de sarampo.
O sarampo é uma doença viral que provoca febre, tosse, coriza, conjuntivite e manchas vermelhas na pele. Em casos graves, pode causar complicações como pneumonia, encefalite, cegueira e morte. A doença é transmitida por gotículas respiratórias e pode infectar até 90% das pessoas suscetíveis que entram em contato com um caso.
No Brasil, o sarampo voltou a circular em 2018, após o país ter recebido o certificado de eliminação da doença em 2016. Em 2019, o país perdeu o status de país livre do sarampo, após registrar mais de 20 mil casos e 15 mortes. Em 2022, foram confirmados 44 casos de sarampo em quatro estados, sendo que o último foi registrado no Amapá em junho.
O Ministério da Saúde recomenda que as crianças recebam duas doses da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, aos 12 e aos 15 meses de idade. Os adultos de até 29 anos devem receber duas doses e os de 30 a 59 anos, uma dose. As pessoas que não têm certeza se foram vacinadas devem procurar um posto de saúde para atualizar sua situação vacinal.