SpaceX é acusada de restringir serviços de satélite em Taiwan
O representante Mike Gallagher enviou uma carta a Musk na semana passada
A empresa de foguetes de Elon Musk, a SpaceX, está enfrentando acusações de que está impedindo o acesso ao seu serviço de banda larga por satélite em Taiwan, uma região que enfrenta ameaças crescentes da China. Um congressista dos EUA alertou que isso poderia comprometer a segurança e a comunicação na ilha, especialmente para o pessoal militar dos EUA.
O representante Mike Gallagher, um republicano de Wisconsin e membro do Comitê de Serviços Armados da Câmara, enviou uma carta a Musk na semana passada, expressando sua “profunda preocupação” com os relatos de que o serviço Starshield da SpaceX, que fornece comunicações via satélite seguras para clientes de segurança nacional, está inativo em Taiwan.
Gallagher disse que isso poderia violar os compromissos contratuais da SpaceX com o governo dos EUA, que depende do Starshield para apoiar suas operações militares e de inteligência em todo o mundo. Ele também disse que isso poderia prejudicar a capacidade de Taiwan de se defender de uma possível invasão chinesa, que tem se tornado cada vez mais provável à medida que Pequim intensifica sua pressão militar e diplomática sobre a ilha.
“Em um cenário de conflito, a capacidade de Taiwan de manter comunicações confiáveis e resilientes com seus aliados e parceiros, incluindo os Estados Unidos, seria de importância crítica”, escreveu Gallagher. “Se a SpaceX estiver restringindo intencionalmente o acesso ao Starshield em Taiwan, isso poderia ter consequências graves para a segurança nacional dos EUA e de Taiwan.”
A carta de Gallagher, que foi obtida pelo Wall Street Journal, foi enviada após sua visita a Taiwan no início deste mês, como parte de uma delegação bipartidária do Congresso. Durante a viagem, Gallagher se reuniu com autoridades de alto escalão de Taiwan, incluindo o presidente Tsai Ing-wen, e reafirmou o apoio dos EUA à ilha democrática, que a China considera parte de seu território.
A SpaceX não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta de Gallagher. A empresa não divulgou publicamente quais países ou regiões têm acesso ao Starshield, que é um serviço separado do Starlink, o serviço de internet de banda larga por satélite da empresa para assinantes civis.
A SpaceX é conhecida por seu programa Starlink, que visa fornecer internet de alta velocidade e baixa latência para áreas remotas e rurais do mundo, usando uma constelação de milhares de satélites em órbita terrestre baixa. A empresa tem lançado regularmente novos lotes de satélites Starlink, tornando-se a maior operadora de satélites de comunicação do mundo.
O Starlink tem sido usado por comunidades e militares na Ucrânia, que enfrentam uma guerra em curso contra a Rússia, que anexou a Crimeia em 2014 e apoiou separatistas no leste do país. Um oficial de inteligência militar da Ucrânia disse ao Wall Street Journal que as forças russas também estavam usando o Starlink em partes ocupadas da Ucrânia, o que levanta questões sobre a segurança do serviço.
O Starshield, por outro lado, é um serviço mais exclusivo e sigiloso, destinado a clientes de segurança nacional, como o Departamento de Defesa dos EUA, a Agência de Segurança Nacional e a Agência Central de Inteligência. A SpaceX tem colaborado estreitamente com essas agências, recebendo contratos lucrativos para lançar satélites espiões, mísseis e outras cargas úteis sensíveis.
O Starshield é projetado para fornecer comunicações via satélite seguras, criptografadas e resistentes a interferências, usando uma tecnologia chamada laser óptico inter-satélite, que permite que os satélites se comuniquem entre si sem depender de estações terrestres. Isso torna o Starshield mais difícil de ser rastreado, bloqueado ou invadido por adversários.
No entanto, o Starshield também depende de antenas terrestres para se conectar com os usuários finais, o que pode limitar sua disponibilidade em algumas regiões. Gallagher disse que recebeu informações de que o Starshield não está operacional em Taiwan porque a SpaceX não instalou nenhuma antena lá. Ele pediu a Musk que esclarecesse se isso era verdade e, em caso afirmativo, por quê.
Gallagher também perguntou se a SpaceX estava sob pressão da China para restringir o Starshield em Taiwan, dado o histórico de Pequim de usar seu poder econômico e político para isolar e intimidar a ilha. Ele disse que isso seria “inaceitável” e “contrário aos interesses dos EUA”.
“Como um dos principais parceiros comerciais da China, a SpaceX pode estar sujeita a pressões indevidas de Pequim para limitar o acesso ao Starshield em Taiwan ou em outras regiões de interesse estratégico dos EUA”, escreveu Gallagher. “Se for esse o caso, peço que você resista a essas pressões e honre seus compromissos com o governo dos EUA e seus aliados e parceiros.”