Pesquisa da Fiocruz indica ineficácia da vacina BCG em adultos

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O estudo aponta a necessidade de desenvolvimento de novas vacinas contra a doença em todo o mundo

Um estudo recente realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça a importância da aplicação da vacina BCG em crianças até 5 anos de idade para prevenir a forma grave da tuberculose. No entanto, a pesquisa indica que a vacina é ineficaz quando aplicada em adultos contra a infecção inicial pelo vírus Mycobacterium tuberculosis, causador da doença.

O estudo, publicado na revista britânica The Lancet – Infectious Diseases, também aponta a necessidade de desenvolvimento de novas vacinas contra a doença em todo o mundo.

A pesquisa foi realizada exclusivamente no Brasil, nas cidades de Campo Grande (MS), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ), pelos pesquisadores Julio Croda, Margareth Dalcolmo e Marcus Lacerda. O levantamento faz parte do ensaio clínico Brace, com BCG randomizado, cujo objetivo principal era avaliar a eficácia da vacina em trabalhadores de saúde contra a covid-19.

O estudo Brace foi financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e abrangeu cinco países: Brasil, Holanda, Espanha, Austrália e Reino Unido.

Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador Julio Croda explicou que a preocupação era avaliar se a revacinação com BCG protegeria os trabalhadores de saúde de infecções por tuberculose. “Fomos testar essa hipótese”, disse ele. A conclusão foi que a revacinação em adultos não é recomendada.

“Foram escolhidos dois grupos de profissionais de saúde, totalizando 2 mil pessoas, das quais mil foram revacinadas com BCG e mil não receberam a vacina”, explicou Croda. Testes sanguíneos foram realizados antes e depois de 12 meses da vacinação com BCG para verificar quantos pacientes adquiriram a infecção. Observou-se que a chance de infecção, da ordem de 3%, foi igual nos dois grupos.

“Os que receberam a vacina tiveram a mesma chance de infecção dos que não foram vacinados”, informou Julio Croda. De acordo com o pesquisador, no Brasil não existe recomendação de revacinação. O estudo comprova que a recomendação de não revacinar continua adequada, pois a vacina não garante proteção para quem a recebeu.

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